Registos datados 1784 dão conta da
utilização do ancoradouro, “se bem que a falta de vias de acesso para o
interior do Concelho, e o seu considerável afastamento da Vila, ditassem a sua
pouca utilização, por se revelar inconveniente para negociar não obstante a sua
localização a Oeste do Concelho garantir abrigo seguro, contra os temporais que
nos tempos das chuvas fustigavam a zona Sul”.
Por essa altura, desprovida de qualquer
povoação, à exceção de umas poucas casebres de seus poucos habitantes e
pastores, Tarrafal, não apresentava as mínimas infraestruturas de apoio. Ainda
assim, as excelentes condições naturais fizeram com que servisse de apoio à
frota, designadamente baleeiros a Americanos, tendo ali sido estabelecido uma
companhia de pesca de baleia; Existem registos que dão conta de um Açoriano que
em 1874 se fixou em Tarrafal para dedicar à pesca da baleia (B.O. de Cabo
Verde, n.º 153).
Mais tarde, em 1878 a ponta Oeste seria dotada de um farol, que em 1891, seria substituído por um farolim lenticular, ano em que se construiu também uma casa para alojamento do faroleiro.
Mais tarde, em 1878 a ponta Oeste seria dotada de um farol, que em 1891, seria substituído por um farolim lenticular, ano em que se construiu também uma casa para alojamento do faroleiro.
Deduz-se que o surgimento e
desenvolvimento de Tarrafal deveram-se às condições privilegiadas do seu
ancoradouro, e às especiais condições da pesca nas imediações.
Em 1886, José António de Carvalho,
solicitou e foi-lhe concedido uma licença para construção de um barracão na
praia de Tarrafal para abrigo de embarcações e utensílios de pesca.
Nas duas primeiras décadas do Séc.. XX, a
população de Tarrafal, se resumia a uns poucos habitantes, constituídos
essencialmente por pastores e pescadores fortuitos que desciam das zonas altas
para temporadas de pesca. Alojavam em Grutas e casebres muito precários.
José Gaspar da Conceição (Por portaria n.º
242 de 20/11/1896, publicada no B.O. n. 48 do mesmo ano, foi lhe aforado a
Praia do Porto do Tarrafal, para abrigo de embarcações miúdas e utensílios de
pesca da Baleia) fora um dos primeiros a se estabelecer no local, vindo do
interior do Concelho, para se
dedicar à pesca da baleia, cujo óleo vendia ou trocava por canoas americanas, utensílios e apetrechos de pesca, - anzóis a arpões, fisgas, etc. que comercializava.
Por volta de 1919/1920, uns Espanhóis instalaram-se em Tarrafal, conhecido pela abundância de peixe, para se dedicarem à conserva de peixe em Salmoura, que pretendiam exportar para Espanha, onde era muito apreciado. Desenvolveram essa atividade durante cerca de dois anos, nas instalações outrora pertencentes a José Gaspar. Da noite para o dia, desapareceram sem deixar rastos.
dedicar à pesca da baleia, cujo óleo vendia ou trocava por canoas americanas, utensílios e apetrechos de pesca, - anzóis a arpões, fisgas, etc. que comercializava.
Por volta de 1919/1920, uns Espanhóis instalaram-se em Tarrafal, conhecido pela abundância de peixe, para se dedicarem à conserva de peixe em Salmoura, que pretendiam exportar para Espanha, onde era muito apreciado. Desenvolveram essa atividade durante cerca de dois anos, nas instalações outrora pertencentes a José Gaspar. Da noite para o dia, desapareceram sem deixar rastos.
Vindo de Tarrafal de Monte Trigo, António
Assis Cadório, comerciante, natural de Salvaterra de Magos, instalou-se em
Tarrafal com seus equipamentos para produzir conservas, efeito para o qual
contratou sucessivamente pescadores vindos da Madeira, para introdução de novas
modalidades de pesca, no intuito de elevar a produção.
Construiu uma unidade industrial, á volta
da qual aldeia, continuou seu desenvolvimento.
Mais tarde, em 1931, a revolução falhada dos deportados do regime instalado em Portugal, realizada em 4 de Abril desse ano na Madeira ditaria nova deportação, desta vez para Cabo Verde, e a ilha de São Nicolau foi a escolhida. Foram divididos em dois grupos, um dos quais foi encaminhado para Tarrafal, onde, por não existir qualquer infraestrutura que pudesse acolher o grupo, foram mandados erigir alpendres, com material pré-fabricado, importado da Alemanha.
Mais tarde, em 1931, a revolução falhada dos deportados do regime instalado em Portugal, realizada em 4 de Abril desse ano na Madeira ditaria nova deportação, desta vez para Cabo Verde, e a ilha de São Nicolau foi a escolhida. Foram divididos em dois grupos, um dos quais foi encaminhado para Tarrafal, onde, por não existir qualquer infraestrutura que pudesse acolher o grupo, foram mandados erigir alpendres, com material pré-fabricado, importado da Alemanha.
“Instalados em barracas de madeira, de boa
construção, suspensas no ar, assentes em pilastras de um metro de altura. Têm o
jeito de "bungalows" ingleses. Foram construídas na Alemanha e tinham
ido para Cabo Verde, quando da tentativa da fundação de um Campo de
Concentração na Ilha de São Nicolau (Excerto de Tarrafal, o pântano da morte,
de Cândido
de Oliveira).
de Oliveira).
Documentos referenciados por João Lopes
Filho, dão conta que em 1841, existiam portos de menor importância, como é o
caso da baía de Barril. Era utilizado no apoio à frota interinsular, mas
sobretudo aos veleiros que mantinham ligação com Santa Luzia. Mereceu também a
dotação de um posto fiscal da Alfândega, cuja vaga esteve durante muito tempo
por preencher, foi ocupado apenas em 1881. Ainda nesse ano, foi nomeado o Sr.
Francisco José do Rosário, para exercer o cargo de guarda-fiscal.
Manteve, apesar disso, importância
reduzida, e foi desativada devido ao crescente do calado dos navios, mas
sobretudo à inexistência de vias de acesso que permitissem ligação ao resto do
Concelho.
Outrora considerada uma aldeia piscatória, Tarrafal de São Nicolau veria a conhecer um acelerado desenvolvimento, que a levaria à categoria de Vila no início da década de noventa.
Outrora considerada uma aldeia piscatória, Tarrafal de São Nicolau veria a conhecer um acelerado desenvolvimento, que a levaria à categoria de Vila no início da década de noventa.
O notório crescimento verificado despertou
nas populações locais o desejo de autonomia, aspiração que veria a
concretizar-se com a elevação da região a Concelho.
Criado em 2005, através da lei n.º 67/VI/2005, resultou da desanexação de parte do território do Concelho de São Nicolau, que passou a denominar-se Concelho da Ribeira Brava.
Criado em 2005, através da lei n.º 67/VI/2005, resultou da desanexação de parte do território do Concelho de São Nicolau, que passou a denominar-se Concelho da Ribeira Brava.
Ocupa a região Sudoeste da Ilha de São
Nicolau, integrado por sete zonas – Fragata, Ribeira Prata, Praia Branca,
Tarrafal, Cabeçalinho, Hortelã, Palhal, e Ribeira dos Calhaus, com uma
superfície total estimada de 120 Km2. Ocupa a parte Sudoeste da ilha de São
Nicolau, com cerca de 42 km de costa, e o maior cumprimento de cerca de 22,5
km, no sentido Sul/Norte. (texto de José Joaquim Cabral).
Caracterização climática do Município do Tarrafal de São
Nicolau
À exceção do vale da Ribeira Prata/Fragata, o município
sujeita-se em quase toda a sua extensão ao efeito dos ventos de SW e o
harmatão, de que resulta um clima essencialmente quente e seco, consequência da
exposição solar; A maior parte do território é árida. Nos vales e zonas de
altitude, as temperaturas são amenas, o que não ocorre na baixa litorânea, onde
as temperaturas são relativamente elevadas. A pluviosidade é muito variável de
ano para ano e, como regra as precipitações tem carácter torrencial, em
decorrência da topografia do território, de declive essencialmente acentuado.
De acordo com os dados apresentados no documento “Contribuição da agricultura e atividades afins no desenvolvimento do Concelho;
Perspetivas com a modernização da produção”, podem ser identificadas a nível do Município cinco zonas climáticas:
De acordo com os dados apresentados no documento “Contribuição da agricultura e atividades afins no desenvolvimento do Concelho;
Perspetivas com a modernização da produção”, podem ser identificadas a nível do Município cinco zonas climáticas:
Zona muito árida que abrange a plataforma baixa litorânea, em
altitudes que chegam aos 200/250 metros, e com orientações Sul e Oeste;
Zona árida da plataforma baixa litorânea e com orientações Norte e Nordeste a qual, se desenvolve em altitudes não superiores a 200/250 metros, e a do relevo intermediário do acidentado dorsal Este-Oeste que se desenvolve em altitudes superiores a 100 metros;
Zona árida da plataforma baixa litorânea e com orientações Norte e Nordeste a qual, se desenvolve em altitudes não superiores a 200/250 metros, e a do relevo intermediário do acidentado dorsal Este-Oeste que se desenvolve em altitudes superiores a 100 metros;
Zona semiárida da plataforma baixa litorânea e que se desenvolve
em altitudes superiores a 250 metros e a dos relevos culminantes e escarpas
orientadas a Norte-Nordeste na dorsal Este-Oeste; cobre a maior superfície do
Concelho;
Zona sub-húmida dos relevos intermédios da fachada montanhosa de Nordeste, a qual se desenvolve em altitudes de 200/300 - 600/700 metros;
Zona húmida dos relevos culminantes da fachada montanhosa
de Nordeste, entre as altitudes de 600/700 e 1100/1200 metros.
Zona sub-húmida dos relevos intermédios da fachada montanhosa de Nordeste, a qual se desenvolve em altitudes de 200/300 - 600/700 metros;
Zona húmida dos relevos culminantes da fachada montanhosa
de Nordeste, entre as altitudes de 600/700 e 1100/1200 metros.
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