O
Município da Ribeira Brava, na ilha de São Nicolau, celebra mais um aniversário
no dia 6 de dezembro. As comemorações são assinaladas com várias atividades culturais,
desportivas e inaugurações.
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
A Origem da Morna Sodade (D´Nha Terra Saninclau)
Vila de Praia Branca, Município do Tarrafal de São Nicolau Ilha de São Nicolau |
A Morna “Sodade” foi compositada na zona de
Praia Branca, Município do Tarrafal de São Nicolau, ilha de São Nicolau, em
1954, aquando da partida de um grupo de emigrantes desta zona para as roças de
São Tomé e Príncipe. Volvidos cinquenta anos,
pode-se dizer que a Morna “Sodade” se tornou uma marca de Cabo Verde no mundo,
não só pelo número de intérpretes (nacionais e estrangeiros) que a cantaram e
gravaram em discos, mas sobretudo pelo seu conteúdo, tornando, assim, estas
ilhas no ‘arquipélago da saudade’.
Em 1954, um grupo de
quatro pessoas, a saber: José Nascimento Firmino, José da Cruz Gomes, e o casal
Mário Soares e Maria Francisca Soares, todos de Praia Branca, enforma a chamada
primeira “remessa” de emigrantes de São Nicolau para as roças de São Tomé e
Príncipe. As despedidas
musicais eram comuns na época e carregadas de emoção, pois, se a partida era
uma certeza o regresso nem tanto.
Aliás, o conteúdo da composição reflete
precisamente esse estado de espírito. “Sodade” descreve com grande simplicidade o dilema de ter que partir e
querer ficar, que sofriam os emigrantes cabo-verdianos em geral e, em
particular, os contratados “semi-escravos” para as roças de cacau e café de São
Tomé e Príncipe.
Cartaz do "Sodad, Festival d´Morna" Câmara Municipal do Tarrafal de São Nicolau |
Daí a letra: "Quem mostrob ess caminho longe?/Quem
mostrob Ess caminho longe?/Ess caminho pa SanTomé."
Cinquenta anos depois, a morna “Sodade” é
considerada como a mais emblemática música de Cabo Verde. Hoje, esta palavra dá
nome a bares e discotecas e até a revistas de música e tartarugas de Cabo
Verde.
Cantada por vários intérpretes cabo-verdianos e de outras nacionalidades, “Sodade” reflecte uma das principais características do cabo-verdiano e da música de Cabo Verde: a saudade e o amor à terra e o dilema de "ter de partir e querer ficar".
Cantada por vários intérpretes cabo-verdianos e de outras nacionalidades, “Sodade” reflecte uma das principais características do cabo-verdiano e da música de Cabo Verde: a saudade e o amor à terra e o dilema de "ter de partir e querer ficar".
Pode-se dizer que
“Sodade” se tornou uma marca de Cabo Verde no mundo. Não só pelo número de
intérpretes (nacionais e estrangeiros) que a cantaram e gravaram em disco, mas
sobretudo pelo seu conteúdo, tornando assim estas ilhas no arquipélago da
saudade.
Paulino Vieira - Músico |
A morna “Sodade”
é também aquela que mais deu problemas na história musical de Cabo Verde porque
a música era reclamada por vários autores. A princípio estava
registada como sendo de Amândio Cabral e Luís Morais. A sua autoria foi posta em causa em 2002 pelo
músico Paulino Vieira, que apontou Armando Zeferino Soares como o autor da
música.
O caso, que teve muita repercussão na
imprensa cabo-verdiana e até internacional, chegou a ir a julgamento. Foi o
primeiro caso relativo à disputa de direitos de autor que se registou no país.
"A dupla Cabral-Morais tinha-a registado
na Sacem (organismo que administra os direitos autorais em França) em 1991,
quando estava para sair Miss Perfumado, primeiro grande êxito mundial de
Cesária Évora. Isso, depois de esta música ter sido gravada por vários outros
intérpretes, entre os quais o próprio Amândio Cabral, em 1960, e o angolano
Bonga, no início da década de 70", escrevia o Jornal online “A Semana”.
Num trabalho
publicado em Maio de 2002 no jornal cabo-verdiano 'A Semana' é atribuída a
Paulino Vieira a declaração de que "Sodade" é de Zeferino Soares.
Paulino nasceu em Praia Branca, ilha de S. Nicolau, onde era natural Armando
Zeferino Soares, mas era ainda uma criança quando a morna teria sido composta,
em 1954.
As principais testemunhas de Zeferino Soares são os vizinhos e amigos,
Mário Soares e José Nascimento Firmino, e Maria Francisca Soares confirmam a
autoria. Revelaram que não estiveram presentes quando a morna foi composta mas
foi a ele que a ouviram tocar primeira vez, maio de 1954, na despedida para S.
Tomé e Príncipe.
Armando Zeferino Soares - Autor da Morna Sodade |
No final o tribunal reconheceu a autoria para
o falecido Armando Zeferino Soares, muito por causa do trabalho de investigação
do músico Mestre Paulino Vieira.
A decisão do tribunal
que confirmou a autoria de “Sodade” a Armando Zeferino Soares aconteceu em
Dezembro de 2007, mas notícia apenas foi divulgada em Fevereiro do ano seguinte
(2008).
A morna
"Sodade", que ganhou uma difusão universal na voz de Cesária Évora,
tornou-se numa das mornas mais emblemáticas de Cabo Verde, símbolo de um
período dramático da emigração para S. Tomé e Príncipe.
De "Miss
Perfumado", CD gravado por Cesária Évora em 1992, e onde sobressai
"Sodade", terão sido vendidas cerca de meio milhão de cópias e na
meia dúzia de antologias musicais da intérprete é também obrigatório o tema cuja
autoria é de Armando Zeferino Soares.
O tema é também um dos mais gravados
tanto por artistas cabo-verdianos como por estrangeiros.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
EZILDA DUARTE ALMEIDA - Jovem cabo-verdiana que criou software de apoio a diagnóstico de cancros
Ezilda Duarte Almeida, 30 anos, é natural do Caleijão, ilha de São Nicolau. Mestre em Engenharia informática e computação pela Universidade do Porto.
Ezilda
Almeida chegou a Portugal em 2004, para se licenciar na área da sua formação,
depois de ter sido destacada como “aluna de mérito” em Cabo Verde. Isto
rendeu-lhe, na altura, uma bolsa de estudos, no que acabou por atingir o grau
académico de mestrado integrado, uma norma da universidade onde estudou.
Em
2010 defendeu uma dissertação sobre “Algoritismo de classificação com a opção
de rejeição”, que teve como fundamento classificar se um tumor era maligno ou
benigno. “Sempre tive uma paixão em
associar a área da saúde com a informática, daí o meu projeto final de curso
ter sido também nessa área”, explica.
Ezilda
Almeida revela que ser engenheira informática nunca foi, na verdade, o seu sonho
de infância, mas durante o ensino secundário descobriu que, afinal, era essa a
sua vocação. “Ao longo dos meus estudos secundários fui-me apaixonando pelas
disciplinas de matemática, física, e chegou uma altura em que não restavam
dúvidas de que o caminho a seguir era a informática”, conta.
A
entrevistada do A NAÇÃO explica que, entre outras, uma das razões que a levaram
a optar por esta área foi saber que, ao contrário de outros cursos ponderados,
a engenharia informática não a restringe a uma profissão ou a uma função
específica para toda a vida. “Hoje agrada-me pensar que os conhecimentos que
adquiri vão abrir-me, cada vez, mais portas em diferentes áreas e a minha vida
profissional não é monótona”, afirma orgulhosa.
Antes
de entrar para a INESC TEC, Ezilda Almeida fez um estágio em Business Intelligence
(BI) na Sociedade de Transportes Colectivos no Porto (STCP). Aqui foi
responsável pelo desenvolvimento de uma aplicação de BI e i implementação de
alguns componentes como a criação de um relatório utilizando o Reporting Service.
Um outro desafio passou pela criação de cubos de dados como Analysis Service e
elaboração de ‘queries’ para SQL Server. Dessa forma, Ezilda Almeida
assegura que tem experiência suficiente para trabalhar em qualquer empresa
ligada à engenharia e/ou informática, de preferência, em Cabo Verde. “Já
mandei o meu currículo a várias entidades e aguardo uma resposta”, afirma.
“Sinto que em Cabo Verde poderei ser mais útil, mas para isso é importante que
Cabo Verde me queira”.
Um
dia, foi desafiada pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do
Porto (INESC TEC), onde trabalha há cinco anos, a criar um software capaz de
apoiar os médicos a diagnosticarem melhor doenças como cancros da mama e da
próstata. Desafio aceite, desafio vencido.
Conforme
contou ao A NAÇÃO, iniciou, em Setembro de 2013, o software ExpertBayes e, em
Dezembro do ano seguinte, já tinha uma “versão funcional”, tendo os primeiros
testes sido “excelentes” e aqueles que tiveram acesso ao software ficaram
“maravilhados”.
“Os
profissionais da saúde acharam-no fantástico, pois, em caso de dúvidas, ao
fazer um diagnóstico, o software ajuda-os na tomada de melhor decisão”,
explica.
Atualmente,
é investigadora/programadora na área de Desenvolvimento, Machine Learning e
Inteligência Artificial, no Centro de Investigação em Sistemas Computacionais
Avançados_CRACS/INESC, no Porto.
ExpertBayes,
desenvolvido por Ezilda Almeida, não é um trabalho isolado. Faz parte do
projecto ABLE (Advice Based Learning) do Centro de Investigação em
Sistemas Computacionais Avançados_CRACS/INESC, no Porto, de cuja equipa a nossa
entrevistada faz parte. O mesmo tem por objectivo aplicar técnicas de Machine
Learning (aprendizagem de máquina) a cuidados de saúde.
Embora
há pouco tempo em funcionamento, e ainda alvo de melhorias, esse software teve
já uma “grande projeção” a nível internacional, garante sua criadora. “Este
software deu origem a um artigo científico e, sendo eu a autora, fui apresentá-lo,
em Dezembro de 2014, em Detroit, nos EUA, e consegui mostrar aos outros investigadores
a importância desse sistema que demorou um ano a ser desenvolvido”, revela.
“O
artigo, que foi aceite na conferência internacional, em Detroit, foi feito
assente nos resultados de base de dados reais, isto é, de pacientes submetidos
a exames de rastreio dos cancros da mama e da próstata”, acrescenta.
O
uso de tecnologias informáticas no campo da saúde é algo que todos os dias
conhece novos desenvolvimentos. Os cancros da mama e da próstata são dois
domínios que há muito concentram a atenção da comunidade científica mundial.
O facto de Elzida Almeida saber que o seu nome está hoje associado à busca de
solução para essas duas graves enfermidades é, obviamente, algo que muito
enche de orgulho essa cabo-verdiana.
Com "A NACÃO"
terça-feira, 13 de outubro de 2015
ANTIGA SÉ-CATEDRAL DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
A
Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, da Ribeira Brava de São Nicolau, foi
reconhecida pela Diocese do Mindelo como a Antiga Sé-Catedral de Cabo Verde,
num ato consumado pelo Bispo da Diocese, Dom Ildo Fortes, durante a celebração
solene da missa da Padroeira do município, que se comemora no dia 7 de Outubro.
Segundo o Bispo Dom Ildo Fortes “Hoje Festa de
N. Sra. do Rosário, num ato solene e emocionante para o povo de S. Nicolau,
fizemos o Reconhecimento da Igreja de N. Sra. do Rosário - Ribeira Brava (S.
Nicolau) como Antiga Sé Catedral.
«Foi de facto nesta ilha que, tendo acolhido os bispos a partir de 1786, mais tarde o Paço Episcopal e sede do Bispado a partir de 1867, se viria a edificar esta Igreja que serviria da Sede do Bispo, SÉ-CATEDRAL DO BISPADO DE SANTIAGO DE CABO VERDE QUE ABRANGIA AS COSTAS DA GUINÉ [...]” Suportada por uma fundamentação científica, cuja produção esteve a cargo dos eminentes professores Lopes Filho e Baltazar Neves, provou-se que de facto, em 8 de Maio de 1898, o templo de N.ª Sra. do Rosário, foi consagrado como CATEDRAL DA DIOCESE, pelo Bispo, D. Joaquim Augusto de Barros».
«Foi de facto nesta ilha que, tendo acolhido os bispos a partir de 1786, mais tarde o Paço Episcopal e sede do Bispado a partir de 1867, se viria a edificar esta Igreja que serviria da Sede do Bispo, SÉ-CATEDRAL DO BISPADO DE SANTIAGO DE CABO VERDE QUE ABRANGIA AS COSTAS DA GUINÉ [...]” Suportada por uma fundamentação científica, cuja produção esteve a cargo dos eminentes professores Lopes Filho e Baltazar Neves, provou-se que de facto, em 8 de Maio de 1898, o templo de N.ª Sra. do Rosário, foi consagrado como CATEDRAL DA DIOCESE, pelo Bispo, D. Joaquim Augusto de Barros».
Criada em 1533, a Diocese de
Cabo Verde e Guiné esteve sempre instalada na antiga Ribeira Grande da ilha de
Santiago. No entanto, devido às más condições de salubridade daquela região,
alguns bispos se mostraram reticentes em ali residirem, levando a que, em
certas épocas do ano procurassem alternativas em ilhas com melhores condições
climáticas.
Foi neste contexto que, em
1786, chegou a S. Nicolau o bispo D. Frei Cristóvão de S. Boaventura, que aí se
vai estabelecer, tentando, também, a transferência legal dos bispos e do
Bispado, da Ribeira Grande para a ilha de S. Nicolau. Este Bispo, em carta
datada de S. Nicolau, em 5/11/1788, endereçada à Rainha, expõe as carências da
Diocese e as suas aspirações, sem esquecer de referir a necessidade imperiosa
de mudar a sua sede para uma ilha mais salubre. Informa que: “do ardente e doentio do clima são
excetuadas quatro ilhas, duas povoadas, a saber: a de S. Antão e de S.
Nicolau, e duas não povoadas, a saber: a de S. Vicente e Santa Luzia”.
Embora na missiva o bispo afirme haver
uma Igreja em S. Nicolau, ao escolher este local em alternativa à Ribeira
Grande, considerou ser indispensável fortalecer a implantação da Igreja na
ilha, com a criação de novos edifícios de culto. Alerta o bispo mais adiante
que, face a necessidade de se construir uma Igreja que cumprisse dignamente a
missão de Catedral da diocese, bastaria para isso utilizar o espólio de D. Frei
Jacinto Valente, que se encontrava então na posse dos administradores da
província.
Entretanto, em resposta à
súplica do bispo, foi informado pelo reino não haver “ordens para se transferir, nem o governo, nem a Sé de Cabo Verde da
ilha de S. Tiago para a de S. Nicolau”. Porém, a Coroa permitiu que o Bispo
residisse a maior parte do ano na ilha de S. Nicolau, negando a transladação da
Sé, como consta da cópia de um Aviso expedido ao Bispo de Cabo Verde em 20 de
Outubro de 1803.
Apesar dos entraves
iniciais, acabou por ser Ribeira Brava o sítio escolhido para a instalação do
Paço Episcopal, que foi mandado construir junto à Igreja da Nossa Senhora do
Rosário. Consta também que, por decisão do Frei Cristóvão, procurando minimizar
os custos da instalação, cada família de S. Nicolau deveria colaborar com a
dádiva de uma garrafa de azeite de purgueira, cujo lucro final serviria para
cobrir despesas várias.
De se referir que
relativamente à edificação de templos, D. Fr. Cristóvão iniciou em 1789 a
construção de uma nova igreja também sob invocação de N. Sr.ª do Rosário, no
sítio da Chãzinha, igreja essa que nunca chegará a ser concluída.
O Bispo D. Frei Cristóvão de
S. Boaventura viria a falecer em 20/06/1798 e, a seu pedido, foi sepultado na
antiga Igreja de Nª Senhora do Rosário, a primeira a ser edificada nesta ilha
e, provavelmente, para uso dos primeiros párocos residentes, sendo coberta de
palha até meados do século XVIII altura em que D. Fr. Jacinto Valente promoveu
a sua recuperação e ampliação.
Primitiva localização da igreja na “Ladeira d’Greja”, onde se sepultou o Frei S. Cristóvão |
Todavia, o seu sucessor, D.
Frei Silvestre de Maria Santíssima, ao chegar à Diocese, em 1803, tendo
encontrado a Igreja Matriz de S. Nicolau praticamente arruinada decide a mudança
da mesma para outro local.
D. Fr Silvestre vai ser
responsável pela mudança da antiga Igreja Matriz da “ladeira da igreja” (nome
que o local conserva até hoje) para o principal largo da Ribeira Brava, tendo-a
aí construído com o dinheiro das suas economias pessoais e com o contributo da
população da vila. Esta construção teve início em 18 de Janeiro de 1804 e concluída
em 1811.
Aspeto da Ribeira Brava, o novo templo com apenas uma torre - a do sino. Foto: origem desconhecida |
D. Fr. Silvestre cometeu a
imprevidência de não transladar o túmulo do seu antecessor para a nova Igreja,
ficando assim os seus restos mortais dados como desaparecidos até 1942.
Todavia, a aparente situação
de tranquilidade que se vivia em S. Nicolau volta a abalar-se quando em
22/11/1813, o Bispo D. Fr. Silvestre faleceu, sendo sepultado na capela-mor da
igreja que mandou construir.
Interior da Igreja com Capela-Mor e respetivo Altar e os dois Alteres laterais. D. Frei Jacinto Valente foi sepultado na capela-mor da igreja que mandou construir – Foto de José J. Cabral |
Essa nova igreja seria mais
tarde reedificada pelo padre Miguel e por Teófilo José Dias com verba cedida
pela Irmandade do Santíssimo Sacramento.
Nova igreja, reedificada pelo padre Miguel e por Teófilo José Dias com verba cedida pela Irmandade do Santíssimo Sacramento |
Acresce que S. Nicolau viria a tornar-se em algo mais que a residência
episcopal, ao obter, finalmente, em 1867, a confirmação para a instalação da
Sede do Bispado de Cabo Verde, coincidindo com a chegada do novo bispo, D. José
Luís Alves Feijó. Vai ser, de facto, neste ano, que pela primeira vez um bispo
pode assinar um documento oficial nos seguintes termos: “Dada e passada em Nossa episcopal residência da Ilha de S. Nicolau, (…)
aos 28 de Maio de 1867”.
Outro aspeto de maior
relevância para S. Nicolau foi o facto de ter sido este mesmo prelado quem teve
o privilégio de abrir o Seminário-Liceu de Cabo Verde.
Convém realçar que mais
tarde, a Igreja Matriz foi recuperada, tendo em vista as novas e mais elevadas
funções que em breve lhe seriam inerentes. Desta
vez, para servir de Sé-Catedral da diocese, vindo a ser inaugurada em 8 de Maio
de 1898 pelo Bispo D. Joaquim Augusto de Barros.
Refira-se a propósito que desta recuperação nos dá informação um
documento datado de 1894, em que se acentua o impulso dinâmico atribuído pela
intervenção de Ferreira da Silva e do povo da Ribeira Brava: “ tendo o povo da vila da Ribeira Brava da
ilha de S. Nicolau concorrido pelo seu trabalho manual e gratuito para a construção do edifício da Sé desta
diocese, seguindo por aquela forma o exemplo do digno prelado e do
Vice-reitor do Seminário-Liceu, os quais por seu turno ofertaram materiais
importantes para o mesmo fim, cooperando com as obras publicas da província
para se levar a efeito a construção daquele templo, como é conveniente para o
decoro e respeito pelos atos e crenças religiosas”.
Como demonstrado, este templo foi recuperado numa conjugação de esforços
e necessidades que mobilizaram a intervenção não só do governo da província, a
título financeiro, mas também e, obviamente, dos elementos do clero e da
população da ilha. Contudo o mesmo conserva ainda alguns lances das paredes
primitivas, como é o caso da base da torre sineira, na medida em que, na
reconstrução não foram destruídas até ao alicerce.
A outra torre que não fazia
parte da traça primitiva, foi levantada nesta altura. Segundo Ferreira da
Silva, “começou-se a edificar a Sé-Catedral em 1888, sendo consagrada em Maio de 1898, com as
mesmas dimensões que tinha a igreja antiga, obra de D. Frei Silvestre. Ficou
com mais pé direito, com o teto estocado e ornado por florões de
‘carton-pierre’, a capela-mor bem ornada de mosaicos e um altar que é obra de
arte, feito em Braga. A sacristia do Cabido e a
casa capitular estão bem ornadas para paramentos e teto estocados, tem mais
uma sacristia para o serviço paroquial, com a suficiente decência. Ficou com
duas torres, que não são muito elevadas”.
Dado que o poder
político-administrativo se centralizou de forma férrea e dominadora no
arquipélago e, para estar junto dele, o bispo D. Faustino Moreira Santos
transferiu a sede do bispado para a capital em 1943/1944.
Do
ponto de vista arquitetónico, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi
concebida segundo uma planta característica dos templos cristãos da época, mas
na cabeceira, em vez de uma cruz latina como era habitual, forma um T. Possui
duas torres laterais e no alçado principal apresenta aberturas, portas e
janelas concebidas em arco na parte superior, sendo a parte central rematada
por um frontão triangular, revelando elementos que traduzem uma estética
neoclássica.
Tem
elementos decorativos que conferem a beleza que ostenta o referido edifício,
como, por exemplo: as pilastras trabalhadas com material endógeno, as molduras
das aberturas destacando-se nas mesmas, o recurso com função de chave nos
arcos, o círculo no frontal triangular, ladeado de dois outros triângulos que,
nos dois lados do mesmo acompanham o formato circular.
Refira-se
ainda, que a abertura reservada para colocar o relógio ostenta uma moldura
também circular, como continuidade dos orifícios colocados nos coruchéus das
duas torres. Com isso quebrou-se a monotonia da parede lisa e houve uma clara
intenção, através da decoração dos vidrais das janelas com colorações
diferentes, que ao misturarem a luz penetrante no interior do edifício, atribui
ao mesmo um carácter místico e sagrado.
As
torres são ornamentadas com quatro elementos decorativos na parte superior,
dois em cada torre, constituídos por acrotério e fogaréu. Do lado direito da
torre há ainda uma cruz terminando em pináculo. Do outro lado, encontra-se
inserido no pináculo uma rosa-dos-ventos encimada pela imagem de um galo. A
torre da direita evidencia-se como uma sineira e a da esquerda ostenta um
relógio que ainda funciona.
No
interior do templo encontram-se o coro, o amplo espaço da nave principal, assim
como a capela-mor e as sacristias. A parede branca, como símbolo de pureza,
realça as decorações dos dois altares, colocados no seu topo e que foram feitos
em Braga. Merece destaque o altar-mor tendo como pano de fundo bem trabalhados
ornatos, que lembram talha dourada, encimados pelo símbolo do antigo bispado.
(Foto 4). Ainda se mantêm nos respetivos espaços laterais os assentos
destinados aos cónegos e em nível mais baixo, as bancadas utilizadas pelos
estudantes internos do antigo Seminário-Liceu.
Este
templo congrega em si três variáveis importantes: o histórico, o arquitetónico
e o simbólico. Já abordamos as duas primeiras e no que concerne ao simbólico,
para além dos aspetos decorrentes do sagrado, faz também parte da memória
coletiva das gentes de S. Nicolau a ilha ter sido a sede do Bispado de Cabo
Verde e Guiné e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário ter servido de Sé durante
quase dois séculos. Basta ter presente ser na época ainda pequena a sua
população, acrescido do facto de ser bastante significativa a presença de
muitos sacerdotes, que além da catequese e dos ofícios religiosos, foram os
primeiros mestres-escolas, o que contribuiu para a profunda religiosidade deste
povo.
Texto de:
Professor
Doutor João Lopes Filho
Professor Doutor
Baltazar Neves
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Riquilene k. Soares Fortes - De Tarrafal de São Nicolau ao Mundo da Moda.
Riquilene
k. Soares Fortes, de 29 anos, nasceu na zona de Marel Pintod, Cidade do
Tarrafal de São Nicolau. Aos 15 anos, foi estudar em Itália – onde vivem os
seus pais – e licenciou-se em Turismo. Mas a sua beleza fez com que abrasasse a
carreira de Modelo.
Com apenas 16 anos, recebeu um convite de uma importante agência de moda de Roma, mas o mesmo foi rejeitado pelos pais. Contudo, quando completou 18 anos, decidiu seguir o sonho – ser modelo –, inscreveu-se e começou a trabalhar como modelo (desfiles e fotografias).
Com apenas 16 anos, recebeu um convite de uma importante agência de moda de Roma, mas o mesmo foi rejeitado pelos pais. Contudo, quando completou 18 anos, decidiu seguir o sonho – ser modelo –, inscreveu-se e começou a trabalhar como modelo (desfiles e fotografias).
Com
25 anos, recebeu um convite da Patrizia Mirigliani (filha do patrão histórico
de Miss Itália Enzo Mirigliani), para miss “Miss Itália Nel Mondo", classificando-se
em terceiro lugar.
Além
da carreira de modelo, Riquilene Soares Fortes participou em vário programas
televisivos italianas, nomeadamente, “Maxinho do Brasil”, com Max Giusti, no
Canal Rai Sport1 (programa desportiva durante o Mundial 2014, no Brasil); Foi
rosto de publicidade do programa "Amore criminale" – que fala da
violência doméstica. Participou na série televisiva "Un Passo Dal Cielo
3" – juntamente com alguns dos melhores actores italianos (TERENCE HILL,
Enrico Ianniello e Rocío Munoz Morale).
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Fotos Festival Praia d´Tedja 2015
terça-feira, 11 de agosto de 2015
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
O Majestoso Vale da Ribeira Prata e Fragata
É,
sem dúvida, um dos mais lindos e encantadores lugares da ilha de São Nicolau e,
talvez, de Cabo Verde. Dotado de rara beleza natural é, igualmente, detentor de
potencialidades agrícola e pecuária. Forma duas localidades propiciadoras do
desenvolvimento do turismo rural: Fragata e Ribeira Prata.
O
vale foi, no passado, atulhado de camarão em todo o seu leito, enquanto no
mesmo corria água em abundância. Desse passado resta ainda a fartura de muitos
produtos da terra, em especial das frutas de época como a manga, faiscando as
maduras, nas mangueiras mais frondosas que se evidenciam ao deixarmos a
fronteira da Ribeira Prata e entrarmos Fragata adentro. Nas duas localidades um
cheiro característico envolve o viajante ao aproximar-se, na sua jornada, dos
trapiches laborando.
Quando estão estes engenhos em atividade, não falta a
espirituosa bebida de especial aroma, o grogue de S. Nicolau, aí produzido em
excelente qualidade, geralmente oferecida, sempre com gentileza ao passante,
num gesto generoso, próprio das gentes das duas aldeias.
Ribeira
Prata destaca-se por ser a terra de mitos e da célebre morna “Mambia” e, ainda,
depositária da famosa “Rotcha Scribida”. É, igualmente, detentora de gente com
apetência especial para a execução de instrumentos de corda. Na época de “Azágua”,
para ali dirigem-se robustas torrentes de água, após fortes chuvas, atingindo milhares
e milhares de toneladas desse líquido. O caudal junta-se a partir das múltiplas
linhas de água que se vão formando desde as ribeiras mais estreitas da outra
localidade do Vale – Fragata. O impressionante caudal de água passa todos os
anos pelas duas localidade atingindo mais força na Ribeira Prata. Ao correr, em
direção ao mar, apresenta-se como um espetáculo que arrepia qualquer
observador. Deixa, no fundo do vale, imensas pedras prateadas do salitre que
carrega, conferindo assim o nome à ribeira, na sua parta mais baixa.
Sobre
Fragata, fala-se, em especial, da sua gente simples e laboriosa. Destaca-se na
mesma localidade o verde das abundantes propriedades de regadio bem como as
sinuosas vias que desafiam, permanentemente, o amante da caminhada. Também ali,
caprichosas rochas, parecem querer rasgar os céus. Topo Matinho, o segundo
ponto mais alto da ilha, é o exemplo mais acabado desta realidade. Famosa
também foi a Ladeira de Mancebo desta localidade que tinha 48 voltas,
transformadas em 48 cantos ou “cotovelos”, que restaram da destruição causada
pelas enxurradas de 2009, e cuja presença ainda goza com a inércia dos poderes
do Estado independente em não poder repor aquilo que a autoridade colonial
construiu. A meio desta ladeira, surpreende ao viajante, o encontro com o chamado
“Pé de Deus”, uma imagem lavrada em rocha viva, parecendo uma gigante sola de
pé.
Texto gentilmente cedido pelo Prof. DOUTOR Lourenço Gomes.
quarta-feira, 15 de julho de 2015
Elder Gomes destaca-se nos Crusaders CFA
Jovem
do Tarrafal de São Nicolau destaca-se na equipa portuguesa de Futebol Americano: os
Crusaders CFA.
Elder
Gomes começou a jogar Futebol Americano nos Crusaders CFA, há um ano, e desde
cedo que impressionou. Começou a Left
Tackle, uma das mais importantes posições do jogo, pois protege o lado que
o Quarterback não vê.
Elder
Gomes “foi não só um dos melhores rookies, como um dos melhores jogadores da
época passada”. Segundo, Júlio Martins, ele é “um jogador
com um grande futuro no desporto, e é uma mais-valia do clube e com ele vamos
ter um grande futuro”.
sexta-feira, 10 de julho de 2015
segunda-feira, 29 de junho de 2015
Barragem de Banca Furada
A
cerimónia de inauguração da Barragem de Banca Furada decorreu na tarde de
Sexta-feira, 26 de junho, na zona da Fajã.
Quanto
à infraestrutura ora inaugurada, com 160 metros de cumprimento e 42 de altura,
trata-se da barragem mais alta (com maior profundidade) de Cabo Verde, com
capacidade para armazenar até 300 mil metros cúbicos de água, permitindo cobrir
uma área irrigada de 35 hectares de terreno, beneficiando pelo menos 175
agricultores.
Novo Liceu Pedro Corsino de Azevedo
O novo edifício do Liceu Pedro Corsino de Azevedo foi inaugurado no dia 27. A
infraestrutura foi financiada pelo Fundo Kuwait e Saudita e pelo Governo de
Cabo Verde e possui dez salas de aula, duas salas para formação profissional e
cinco laboratórios – Informática, Desenho, Ciências Naturais e Química, Física
e Artes Plásticas.
Um
bloco administrativo, constituído por uma secretaria, três salas de coordenação
pedagógica, uma cantina, sala do diretor, sala de reuniões, gabinete para
elementos da equipa de direção, arquivo, um auditório com capacidade para 235
pessoas sentadas, uma biblioteca e um polivalente.
quarta-feira, 17 de junho de 2015
SUCLA e o seu contributo para desenvolvimento do Tarrafal de São Nicolau
Em
1935, António Assis Cadório e José Loureiro Rabaça desenvolveram uma das mais
bem-sucedidas indústrias de Cabo Verde e que resiste ate hoje.
De
capital nacional, a Sociedade Ultramarina de Conservas, Lda. (SUCLA), um
exemplo de sucesso, totalmente modernizado para atender às exigências
internacionais, produz conservas de qualidade.
Para
além da conserveira, a SUCLA é uma instituição social, considerado o centro de
desenvolvimento do Concelho do Tarrafal de São Nicolau, empregando perto de 200
pessoas directamente e viabilizando os empregos de outras centenas, sendo estes
pescadores, vendedores, comerciantes etc.
Através
dos vários impostos, cerca de 50% dos rendimentos da SUCLA, entram anualmente
nos cofres do estado. É esta uma das suas principais contribuições para o
desenvolvimento de Cabo Verde.
Tarrafal
deve à SUCLA o seu desenvolvimento. Pois até à sua instalação, a povoação conhecia
não mais que umas poucas casebres, muito precárias, e pescadores fortuitos (de
Palhal e Cabeçalinho) que vinham temporariamente para faina da pesca. Basta ler
a apreciação do general Sousa dias, em carta para seu filho, Alberto, aquando
da sua passagem por Tarrafal-SN: “O local é simplesmente pavoroso. Tarrafal
– misérrima povoação de pescadores, fica situado próximo e ao lado de uma
apertada ravina de ásperos e escalvados flancos elevados e de abruptos declives
… 3 raquíticas árvores é a única vegetação que ai se encontra. … a misérrima
povoação de Tarrafal, uma centena de paupérrimos casebres, dos quais o mais
luxuoso “, dispõe de uma estreita cubata junto á porta de entrada. Nenhuma
dessas verdadeiras cubatas é caiada, e em todas a cobertura é de colmo […]”,
(J. Cabral 2010).
Hoje,
a SUCLA é uma empresa de cariz familiar. Desde 1935 sofreu várias
transformações: Passou a cariz familiar.
A
SUCLA e as suas conservas são hoje uma referência inegável da
cabo-verdianidade, as latas de atum da SUCLA viajam para os quatro cantos do
mundo.
O
Atum, o principal produto processado, leva a marca “CADÓRIO”, nome do fundador
da fábrica de conservas SUCLA. De fabrico semi-real e processamento com as mais
modernas técnicas de conservação, o Atum da SUCLA, conhecido como “Atum de Cabo
Verde”, é inigualável no seu sabor.
A
SUCLA não fica só por ai com as conservas de atum, há também filetes de cavala,
melva, pasto de atum e ração.
Quando
muito se fala em promoção do empreendedorismo, vale lembrar que a fábrica
SUCLA, nos longínquos anos trinta e quarenta, já promovia emprego e formação a
nível local através do financiamento de embarcações artesanais a jovens
pescadores. (João Lopes Filho).
Sempre
apoiando o desenvolvimento de Tarrafal de São Nicolau, a SUCLA, desde longa
data, tem vindo a formar trabalhadores, pescadores, carpinteiros navais etc.
Portanto igualmente um pólo educacional do recém-formado Concelho do Tarrafal
de São Nicolau.
O
antigo gerente e proprietário Joaquim Spencer (Nhô Djack) conta que “a prática
de fazer botes, inicialmente foi com tentativa de ajudar os pescadores a
caminhar com seus próprios pés em que o processo era feito através da doação de
botes aos pescadores e esses ficavam com o compromisso de pagar aos poucos”.
A
SUCLA apoia nas actividades sócio culturais. Apoia as escolas do
EBI da zona do Município do Tarrafal de São Nicolau com fornecimento de uma boa
quantidade de farinha de peixe para alimentação dos alunos. Apoia alguns alunos
nos estudos superiores em São Vicente com as propinas, onde é feito uma
selecção dos candidatos. Apoia os mais carenciados com os tratamentos médicos,
construção das suas casas, alimentação etc… Oferece os seus barcos para evacuação
dos doentes com urgências (antigamente era tudo “de borla”, para todas as
classes, mas hoje já é estipulado um preço para as que conseguem pagar”. Apoia
a escola de formação de base para o futebol, Augusto Almeida, criada pelo Ex-
Futebolista Francisco Spencer (mais conhecido por Tchique d´Niquita).
Este
ano, por ocasião das comemorações do décimo aniversário da fundação do
Município, em agosto, a Câmara Municipal homenageia a Fábrica SUCLA que este
ano assinala o 80.º aniversário.
Fundadores
da SUCLA
António
Assis Cadório, português de Salvaterra de Magos, foi o
mentor e fundador da Fábrica SUCLA. Chegou a Cabo Verde para acertar contas com
um cliente, a quem forneceu equipamentos de conservas de atum, a família de
José Aguiar Nascimento, que tinha tentado instalar uma indústria conserveira em
Tarrafal de Monte Trigo Santo Antão. O negocio fracassou e não pode saldar a
divida com o fornecedor. Já na posse de seus equipamentos, soube por intermédio
de António Pedro Chantre, capitão do barco de nome “vaporinho” que transportava
água de Tarrafal Monte Trigo para São Vicente, que em Tarrafal de São Nicolau
abundava pescarias próximo da costa, decidiu zarpar para aqui.
José
Loureiro Rabaça, natural de Eirô, Portugal, nascido em 20/09/1896, foi
um de entre cerca de duas centenas que Salazar deportou para a ilha de São
Nicolau.
Encontrava-se
na colónia prisional de Tarrafal de São Nicolau, quando Salazar viu-se forçado
a desmantela-lo. Aos prisioneiros considerados perigosos ele decretou
residência fixa em Cabo Verde. Aos outros, o governo colonial, num gesto de
aparente benevolência disponibilizou-se para custear as despesas de
repatriamento. Naturalmente aceitaram, sem saber que iriam acabar presos á
chegada a Lisboa e encarcerados na prisão de Monsanto.
A
quem pretendesse ficar, aqueles que não constituíam perigo e tivessem
constituído família, ele exigiu a constituição de depósito e fiança, para a
eventualidade de virem a decidir pelo regresso.
Rabaça
foi um dos que ficou. Mais por insistência dos pais, que conhecedores de sua
estripe, sabiam que dificilmente não se voltaria a meter na política,
circunstancia que certamente, resultaria em nova prisão e provavelmente
aniquilamento. Rabaça faleceu em Tarrafal de São Nicolau no dia 24/09/1952, com
apenas 56 anos.
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