Nobel
da Química para austríaco, britânico e israelita
Nos anos 70, os três investigadores, todos com
nacionalidade norte-americana além da sua nacionalidade de origem,
"lançaram as fundações dos poderosos programas que hoje são usados para
prever processos químicos", escreve a Real Academia Sueca no comunicado em
que anuncia os premiados.
Antes destes desenvolvimentos, recorda a academia, os
químicos criavam modelos de moléculas com bolas de plástico e paus. Hoje, usam
computadores.
"Modelos
computacionais que espelham a vida real tornaram-se cruciais para a
maioria doa avanços feitos na química atualmente", acrescenta a
instituição.
Contactado em direto durante a apresentação do prémio,
o galardoado Arieh Warshel, de 72 anos e a trabalhar na Universidade da
Califórnia do Sul, explicou que o trabalho dos cientistas premiados foi
"desenvolver métodos que permitem ver como as proteínas funcionam de
facto".
"O que desenvolvemos foi uma forma computacional
de olhar para a proteína e perceber como faz o que faz", acrescentou,
exemplificando que esta informação pode ser utilizada para criar medicamentos,
por exemplo.
Como explica a academia, as reações químicas ocorrem a
uma enorme velocidade e numa fração de uma milésima de segundo os eletrões
saltam de um núcleo atómico para outro, pelo que é virtualmente impossível
mapear todo o processo químico recorrendo apenas ao método experimental.
Com a ajuda dos métodos desenvolvidos por Karplus,
Levitt e Warshel, os cientistas deixam os computadores revelarem os processos
químicos, como a purificação dos fumos de escape através dos catalisadores ou a
fotossíntese numa folha verde.
O trabalho dos investigadores agora premiados, adianta
a academia, é também inovador porque permitiu unir a física clássica de
Newton à física quântica, que é fundamentalmente diferente.
Antes, os químicos tinham de escolher usar uma ou
outra. Karplus, Levitt e Warshel aproveitaram o melhor dos dois mundos e
desenvolveram métodos que usam a física clássica e a física quântica.
"Hoje, o computador
é uma ferramenta tão importante para os químicos como o tubo de ensaio.
As simulações são tão realistas que preveem o resultado das experiências
tradicionais", escrevem os membros do júri no comunicado.
O prémio tem o valor pecuniário de oito milhões de
coroas suecas (918 mil euros), a dividir pelos três laureados.
Martin Karplus nasceu em 1930 em Viena e é
investigador da Universidade de Estrasburgo, França, e da Universidade de
Harvard, nos EUA.
Fonte: jn.pt
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