segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Confeção da Farinha de Mandioca

Farinha-de-pau é um dos símbolos da ilha de São Nicolau, confecionada de forma tradicional nas localidades como Ribeira Prata, Fajã e Covoada, anualmente entre Março e Junho, e gera rendimento económico para quem a produz.

A confeção da farinha de mandioca, tradicionalmente conhecida como farinha-de-pau em São Nicolau, é um trabalho duro que exige muita mão-de-obra mas a população aproveita para transformá-la numa grande festa ao ar livre.

É preciso “muita gente” para desencadear este processo que vai desde a colheita da mandioca até à torragem da farinha.

No dia da fabricação da farinha muita gente de boa vontade se junta ao dono da mandioca para dar apoio. Porque não é uma tarefa muito fácil. O primeiro passo é descascar a mandioca que tanto é feita por jovens como por mulheres. Depois a mandioca passa pela enorme rala de lata perfurada, para ser ralada.
A moagem da mandioca é um trabalho que exige um grande esforço físico por isso é feito somente pelos homens.

Por seu turno, as mulheres ficam reservadas para a próxima fase que é a da separação da parte grossa da farinha que serve para fazer cuscuz ou papa, da parte mais fina que é a que vai ser torrada no tacho.

Normalmente, quem se dedica a esta atividade é por amor à tradição, porque é um trabalho árduo. Podem passar um dia inteiro a trabalhar sem receber nenhum pagamento em troca.

Depois da separação, a farinha é estendida numa lona para apanhar algumas horas, depende do estado de tempo, de sol e só depois de estar bem solto ir para o tacho.

No tacho, de aproximadamente um metro e meio de diâmetro, a farinha é torrada e às vezes adicionada a um bálsamo de mel.

Desta vez são os homens que comandam o forno improvisado a lenha e os rodos de madeira que utilizam para dar volta à farinha. São precisos mais de cinco homens para dar volta à farinha para não queimar.

Depois é preciso voltar a estender a farinha-de-pau ao sol, para ficar bem seca, antes de ser embalada, podendo ser conservada por dois anos ou mais.

Cada participante leva o seu litro de farinha de recordação ou então uma “monduda” (um punhado de farinha apertado a um pano que fica do formato de uma pêra). Apenas o proprietário dos equipamentos, que geralmente são alugados, é que recebe um litro em cada quarta (10 litros) produzida.

A farinha de mandioca é um produto que gere alguma renda para quem a produz. Pode-se produzir, num fim-de-semana, cerca de 50 litros de farinha que é depois vendida por 300$00 o litro. Trata-se de uma mercadoria de fácil saída uma vez que é considerada “encomenda d´terra” para os emigrantes e mesmo para os visitantes das outras ilhas.

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