Farinha-de-pau é um dos símbolos da ilha de São
Nicolau, confecionada de forma tradicional nas localidades como Ribeira Prata,
Fajã e Covoada, anualmente entre Março e Junho, e gera rendimento económico
para quem a produz.
A confeção da farinha de mandioca,
tradicionalmente conhecida como farinha-de-pau em São Nicolau, é um trabalho
duro que exige muita mão-de-obra mas a população aproveita para transformá-la
numa grande festa ao ar livre.
É preciso “muita gente” para desencadear este
processo que vai desde a colheita da mandioca até à torragem da farinha.
No dia da fabricação da farinha muita gente de
boa vontade se junta ao dono da mandioca para dar apoio. Porque não é uma
tarefa muito fácil. O primeiro passo é descascar a mandioca que tanto é feita
por jovens como por mulheres. Depois a mandioca passa pela enorme rala de lata
perfurada, para ser ralada.
A moagem da mandioca é um trabalho que exige um grande esforço físico por isso é feito somente pelos homens.
A moagem da mandioca é um trabalho que exige um grande esforço físico por isso é feito somente pelos homens.
Por seu turno, as mulheres ficam reservadas para
a próxima fase que é a da separação da parte grossa da farinha que serve para
fazer cuscuz ou papa, da parte mais fina que é a que vai ser torrada no tacho.
Normalmente, quem se dedica a esta atividade é
por amor à tradição, porque é um trabalho árduo. Podem passar um dia inteiro a
trabalhar sem receber nenhum pagamento em troca.
Depois da separação, a farinha é estendida numa
lona para apanhar algumas horas, depende do estado de tempo, de sol e só depois
de estar bem solto ir para o tacho.
No tacho, de aproximadamente um metro e meio de
diâmetro, a farinha é torrada e às vezes adicionada a um bálsamo de mel.
Desta vez são os homens que comandam o forno
improvisado a lenha e os rodos de madeira que utilizam para dar volta à
farinha. São precisos mais de cinco homens para dar volta à farinha para não
queimar.
Depois é preciso voltar a estender a
farinha-de-pau ao sol, para ficar bem seca, antes de ser embalada, podendo ser
conservada por dois anos ou mais.
Cada participante leva o seu litro de farinha de
recordação ou então uma “monduda” (um punhado de farinha apertado a um pano que
fica do formato de uma pêra). Apenas o proprietário dos equipamentos, que
geralmente são alugados, é que recebe um litro em cada quarta (10 litros)
produzida.
A farinha de mandioca é um produto que gere
alguma renda para quem a produz. Pode-se produzir, num fim-de-semana, cerca de 50
litros de farinha que é depois vendida por 300$00 o litro. Trata-se de uma
mercadoria de fácil saída uma vez que é considerada “encomenda d´terra” para os
emigrantes e mesmo para os visitantes das outras ilhas.
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