Aqui, perdido, distante
das realidades que apenas sonhei,
cansado pela febre do mais-além,
suponho
minha mãe a embalar-me,
eu, pequenino, zangado pelo sono
que não vinha.
"Ai, não montes tal
cavalinho,
tal cavalinho vai terra-longe,
terra-longe tem gente-gentio,
ente-gentio come gente."
A doce toada
meu sono caia de manso
da boca de minha mãe:
Cala, cala, meu menino,
terra-longe tem gente-gentio
gente-gentio corne gente."
E envelheceu lá dentro
Não posso conceber
O que vêem as meninas
Dos meus olhos
Depois que sou livre.
Abrolhos são flores,
Amores, vida.
O que é a magia da sombra!...
Agora já posso gritar:
Livre! Livre!
Tapei o poço da morte, a cantar.
Livre! Livre!
Tapei o poço da morte, a cantar.
Pedro Corsino de Azevedo
In Claridade, N.º 4, Janeiro de 1947
Sem comentários:
Enviar um comentário