segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Galinha Branca

Sol de Agosto.
Raios a prumo.
Nem dá gosto

Viver.
Litoral ardente.
Montes nus.
Pó vermelho,
Na valsa doida do vento leste.
Meio-dia.
Nem pinga de água...
O céu plasmando infernos.
A agonia
Da gente pobre
- Pobre de tudo -,
O olhar mudo
Que sufoca gritos
Que não partem.

Mas:
Noite de luar,
Vento amainado.
Depois da ceia,
Brincam crianças
Ao canto da varanda:

Galinha Branca
Que anda

Por casa de gente
Catando grão de milho.
E mais:
É mim
É bô
É Carlos
É Valério
É Fêdo.

Somos todos,
Todos, catando
Grão de milho
Em anos de crise,

E mais...
- Não!...
Canivetinho
Canivetão
Vá Té França.

Galinha branca
O espectro da morte
A sorte
De todos.
Olha pra mim!
Assim:
Canivetinho
Canivetão


França.

- A única esperança...
França lendária
Terra longínqua
De onde os meninos
Costumam vir em cestos
E para onde
Em anos de crise
Num cesto de pau

(Mácabra nau!)
Canivetinho
Canivetão
Coitadinhos
Vão!...


Autor: Pedro Corsino de Azevedo

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