quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

CRÍTICAS À BALANÇA DE PODERES

Note-se que a teoria não requer nenhumas assunções de racionalidade ou de constância de vontade por parte de todos os actores. Devido às várias definições controversas da balança de poder, Kenneth Waltz diz-nos que “deslindar tal confusão pode parecer quixotesco”. Continuando a citar Waltz, a maioria das confusões na teoria da balança de poder, e das suas críticas, deriva de um mau entendimento de três pontos: (i) uma teoria contém, pelo menos, uma assunção teórica. Tais assunções não são factuais; (ii) as teorias devem ser avaliadas em termos do que afirmam explicar; (iii) a teoria, como um sistema explanatório geral, não pode explicar particularidades (WALTZ, Kenneth, N., Theory of International Politics).
Hans Morgenthau, embora realista, viu muitas deficiências nesta teoria. Definiu-a como “incerta”, devido à falta de meios para avaliar e comparar o poder; mas também “irreal”, porque os dirigentes nacionais procuram compensar o seu carácter incerto através da sua superioridade; e, ainda, “inadequada” para explicar a contenção dos Estados no período que decorreu entre 1648-1914.
Para Spykman, a balança de poderes é a própria geradora de conflitos. Ernest Heas, embora aceitando que a utilização da balança de poderes demonstra uma grande flexibilidade na condução da política externa, não reconhece por parte dos diferentes políticos, especialmente nas democracias, em utilizarem essa flexibilidade que a balança de poderes requere.
Organski, defensor da teoria de transição de poder que escreve uma hierarquia piramidal do sistema internacional e neste nos Estados diferenciam-se pelos seus recursos. As balanças de poder não são efectivamente estáveis porque não são estáveis. A tecnologia, por exemplo, permite uma sucessão de rápidas alterações de poder que, na maioria dos casos, podem ser prevenidas. À medida que a equidade do poder é alcançada, dois Estados podem inquietar-se crescentemente quando ao equilíbrio de poderes, o que origina um risco crescido de guerra.
A teoria de transição de poderes sustenta que a instabilidade só é provável em períodos de paridade relativa entre rivais. À medida que uma nação insatisfeita se aproxima da paridade de poder (isso ver-se-á por um aumento rápido do poder desse Estado em relação à nação dominante), a instabilidade cresce, crescendo necessariamente a possibilidade de conflito.
Segundo Waltz, um dos mais comuns equívocos da teoria da balança de poder é o facto dele conter assunções não factuais e não teóricos. A teoria é criticada porque as suas assunções são erróneas. Waltz critica Organski por “não entender o que é uma assunção”. A teoria da balança de poder também é criticada porque não explica as políticas particulares dos Estados; outro é não saber diferenciar uma teoria das relações internacionais das teorias de política externa. Outros misturam as suas afirmações explicativas e confundem o problema de analisar as relações internacionais com o problema de analisar a política externa (Idem).

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