Descoberta
advém do termo «descobrir» e é utilizado, no contexto da expansão europeia,
numa perspetiva eurocêntrica, por que no caso do Brasil, mesmo tendo os
navegadores europeus encontrado primitivos povos do território a habitá-lo,
consideram-se descobridores.
Achamento
é entendido como ação ou efeito de achar, tomado também como descobrimento. Seja
um ou outro conceito, encerra uma visão eurocêntrica dos contatos entre a
europa e o resto do mundo sendo por isso, (uma e outra perceção do fenómeno),
discutíveis.
Os
protagonistas, as datas e as hipóteses explicativas mais credíveis que explicam
as condições do “Achamento”
das ilhas.
1. As condições (a partir de dados do problema e das
várias hipóteses de «achamento» das ilhas).
As hipóteses
de um conhecimento muito antigo das ilhas.
Há esforços
de certos investigadores com tentativas de se ir mais longe nas considerações
sobre datas e protagonistas que se envolvem num conhecimento das ilhas muito
antes dos portugueses:
A
ideia das ilhas de Cabo Verde terem sido conhecidas desde a Antiguidade (Gregos).
A
probabilidade de terem sido frequentadas por navegadores árabes também muito
antes do Século XV.
A
documentação, coligida sobre estas possibilidades é suspeita por que muitas
vezes apresentam fortes limitações (BALENO, 2001).
Como
não há uma explicação científica credível quanto às possibilidades colocadas…
A
tendência é para admitirmos que há um contexto na época moderna (século XV)
mais bem estudado, que é o ligado à história da expansão quinhentista europeia
(Século XV) onde podemos enquadrar, com mais certezas, a descoberta ou
achamento das ilhas de cabo Verde, incluindo a de Santiago.
Nesse
contexto e no caso português há todo um esforço, em atingir novas terras no
século XV em várias etapas navegando-se no Atlântico:
•1415
-Tomada de Ceuta, importante entreposto comercial no norte da África;1427-Ocupação
das ilhas da Madeira e Açores no Atlântico;1434-Chegada ao Cabo Bojador;1445
-Chegada ao Cabo Verde – ponto geog. Próximo do senegal (Vicente Dias);
•1456-58
– Viagens de Cadamosto
•1460-62
– Aportarem da ilha de Santiago e das ilhas mais a oriente e mais a ocidente
por António de Noli, Digo Gomes e Diogo Afonso.
•1487
-Transposição do Cabo da Boa esperança (Bartolomeu Dias);1498 – Chegada à Índia
(Vasco da Gama) 1499-1500-Viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
Os
protagonistas, as datas e as hipóteses explicativas no contexto expansionista
português do século XV
A ordem cronológica dos protagonistas
•Os navegadores mais modernos que, de modo expresso, se incluem como
possíveis descobridores da ilha de Santiago e das restantes ilhas de Cabo
Verde, no contexto expansionista português, no século XV referem-se, na ordem
cronológica, aos nomes de:
a)
Vicente Dias (1445)
b)
Luís
de Cadamosto (1456)
c)
Diogo
Gomes (1460-62)
d)
António
de Noli (1460-62)
e)
Diogo
Afonso (1460-62)
•Sobre esses possíveis descobridores, coloca-se a questão de se saber qual
deles foi na realidade o primeiro. Pesam as mais variadas razões e contra
argumentos a favor de uns e de outros.
•Prevalece até hoje a ausência de opinião unânime sobre esta matéria
(datas e prováveis descobridores) entre todos os investigadores que à mesma se
têm debruçado.
A)
A
hipótese de um descobrimento em 1445 por Vicente Dias:
•Esta
hipótese foi colocada por Fontoura da Costa e assenta-se em referências
escritas disponíveis, a respeito desse navegador.
•As
referencias foram escritas na crónica da Guiné de Gomes Eanes de Azurara onde,
o cronista Azurara, dá conta que o mercador/marinheiro Vicente Dias participou
na grande expedição organizada à costa da Guiné no ano de 1445.
•Escreve-se
ainda que terá navegado, isoladamente e de modo involuntário, durante um lapso
de tempo não explícito. Não alude
contudo Azurara que nessa navegação tenha, o navegador, avistado qualquer ilha.
Os defensores desta tese sustentam que Vicente dias
teria avistado pelo menos uma ilha;
•A ilha a que se reporta é representada
confusamente na cartografia da época, «ixola otinticha» -a autêntica ilha (santiago) que os
críticos desta tese consideram que a distância apresentada entre a tal ilha e a
costa africana, pela sua imprecisão, não parece ter sido a ilha de Santiago. Daí o esforço em ressaltar que esse navegador
terá apenas passado à vista uma ilha cabo-verdiana durante o seu afastamento
dos outros navios em 1445 e como tal, devia ser considerado como o verdadeiro descobridor do arquipélago nesse
ano.
•Apesar
de tudo, a cronica de Azurara não faz nenhuma referência a qualquer ilha
eventualmente encontrada.
B)
Luís
de Cadamosto
•Nas
descrições feitas por esse navegador, o mesmo atribui a si mesmo o
descobrimento das primeiras ilhas, na sua segunda navegação, integrando as
expedições portuguesas à Costa da Guiné em 1456.
•Nas
suas descrições Luís de Cadamosto caracteriza as ilhas, onde aportou, com
pormenores, aparentemente absurdos, que levaram Fontoura da Costa, corroborado
por Luís de Albuquerque, a considerá-los absolutamente improváveis, realçando
que se as ilhas orientais tivessem sido descobertas em 1456, Portugal, através
de D. Henrique (grande impulsionador das descobertas) as teria mandado povoar
imediatamente, pelo menos a maior (ilha de Santiago).
•Pelo
que expôs Fontoura da Costa, inclina-se pela dedução de que Cadamosto e seus
companheiros não descobriram as ilhas orientais de Cabo Verde, das quais faz
parte a ilha de Santiago.
CADAMOSTO,
Luís de – Navegações de Luís de Cadamosto. Lisboa: Instituto para a Alta
Cultura MCMXLIV, pp. 70-74.
FONTOURA DA
COSTA, A, Cartas das ilhas de Cabo Verde… p. 13.
ALBUQUERQUE,
Luís de, O descobrimento das Ilhas de Cabo Verde. In: História Geral de Cabo
Verde Vol. I, pp. 31-35
C)
Tese de Diogo Gomes como descobridor
Diogo
Gomes reúne defensores a favor da hipótese de ter sido o ele descobridor das
ilhas mais oriente, tais como Santiago, mais próximas do continente africano.
Duas
narrativas desse navegador referem-se ao descobrimento da Costa da Guiné e das
ilhas Canárias, Açores, Madeira e Cabo Verde.
Nas
suas descrições, Diogo Gomes afirma que ao navegar pelo largo na companhia de
António da Noli, cada um em sua caravela, avistaram ilhas no mar. Depois de
dois dias e meio de viagem. Decidiram aproximar-se.
[…]
e como a minha caravela era mais veleira do que a outra cheguei primeiro a uma
daquelas ilhas. Disse-lhe que queria ser o primeiro a ir a, terra e assim fiz.
Não vimos aí sinal algum de homens, e chamamos a ilha de Santiago; assim se
chama até hoje […] vimos, em seguida, uma das ilhas Canárias, chamada Palma, e,
depois desta fomos à ilha da Madeira. Bem que eu estivesse impaciente [a
caminho de Portugal].Um vento “contrairo” levou-me para os Açores. António de
Noli porém deixou-se ficar na Madeira; e aproveitando-se do vento mais
favorável chegou a Portugal antes de mim. E pediu a el Rei a Capitania da Ilha
de Santiago, que eu tinha “descoberto” e el Rei lha deu […].
PEREIRA,
Gabriel -As Relações de Diogo Gomes. In: Boletim de Geografia de Lisboa, 17ª
Série, nº 5. Lisboa: Imprensa Nacional, 1899, pp.272-28.
Os relatos
de Diogo Gomes permitem constatar que terá
sido ele quem descobriu, em 1460, possivelmente, a1 de Maio, dia santo de
Santiago e S. Filipe, a primeira das Ilhas de Cabo Verde a qual, com os seus
companheiros, denominou Santiago.
Na
opinião de Fontoura da Costa, este navegador chegou a Portugal a 13 de Novembro
de 1460, antes do falecimento, nesse ano, de D. Henrique (grande impulsionador
das descobertas). Este não refere em nenhum documento escrito ao feito de Diogo
Gomes, não sendo por isso o descobridor oficial, para a coroa portuguesa.
D)
O
protagonismo de António de Noli
•São os próprios relatos do navegador atrás mencionado (Diogo Gomes) que
revelam o protagonismo de António de Noli que, tal como relatou este, chegou a
Portugal antes, apresentou-se ao rei, naturalmente como o descobridor e, como
recompensa, obteve a capitania de Santiago, para o seu povoamento e
exploração.
[…] Aproveitando-se
do vento mais favorável chegou a Portugal antes de mim. E pediu a el Rei a
Capitania da Ilha de Santiago, que eu tinha “descoberto” e el Rei lha deu […].
•O
relato de João de Barros, Historiador e Escritor Português que viveu entre
1496-1570, publicado por Vitorino Magalhães Godinho testemunha o seguinte:
•[…]
Neste mesmo tempo achámos também que se descobriram as ilhas a que ora chamamos
do Cabo Verde por António de Nolle, Genovez de nação e homem nobre, que por
alguns desgostos da pátria veio a este reino com duas naus e um barinel, em
companhia do qual vinha um Bartolomeu de Nolle seu irmão e Rafael de Nolle seu
sobrinho. Aos quais o Infante deu licença que fossem descobrir e, partiram da
Cidade de Lisboa, foram ter no primeiro dia do mês do Maio à ilha, à qual
puseram nome por que a viram em tal dia de Sant’Iago e Sam Felipe, duas que ora
têm o nome destes santos […]. O relato de João de Barros contrapõe e confirma
as narrativas de Diogo Gomes.
Temos
o relato de João de Barros, publicado por Vitorino Magalhães Godinho em:
Documentos sobre a expansão portuguesa Vol. III. pp. 288-289.
Do grupo de ilhas mais a oriente às
ilhas mais a ocidente
•Perante
os dados expostos parece ser lícito, até prova em contrário, considerar António
da Noli descobridor oficial da ilha de Santiago e das restantes ilhas do grupo
oriental do arquipélago de Cabo Verde companhia de Diogo Gomes – Constatação
coletivo da História Geral de Cabo Verde.
•Para
as ilhas ao grupo ocidental a documentação régia, também retira quaisquer
hesitações acerca do protagonista e consagra esse feito ao escudeiro do Infante
D. Fernando, Diogo Afonso, em 1462.
•As
ilhas que compõem este grupo a saber: S. Nicolau e os ilhéus (Branco e Razo),
S. Vicente e Santo Antão são citados juntamente, com o nome daquele escudeiro,
como descobridor, na carta de doação ao Infante D. Fernando em 1462 (29 de
Outubro).
O «achamento» deu lugar à colonização
•Na
colonização, seguiu os mesmos métodos utilizados nos Açores e na Madeira, ou
seja, a divisão das terras em Capitanias, mais tarde aplicada noutras
possessões portuguesas, como viria a ser o caso do Brasil.
•A
Ilha de Santiago foi assim dividida em duas circunscrições, sendo uma delas a
Capitania do Sul, com sede na Ribeira Grande, entregue a António Da Noli para
administração e povoamento na qualidade de Capitão Donatário.
•A
Capitania Norte, com sede em Alcatrazes, foi entregue nas mesmas condições a
Diogo Afonso.
2. Significado do «Achamento» da Ilha de
Santiago e das restantes ilhas
Particularmente
ligado à ilha de Santiago através da Ribeira Grande…
•Segundo
António Correia e Silva, o privilégio de ser Santiago, a pioneira na ocupação
das ilhas, deve-se às condições económicas que se mostraram mais favoráveis,
nomeadamente, a existência da enseada da Ribeira Grande (com alguma proteção
natural) e razoáveis condições para os navios fundearem. Outras condições
naturais foram favoráveis à fixação humana como aconteceu em muitas paragens do
mundo como é o exemplo da abundância de água nas ribeiras verdejantes nesta
parte sul de Santiago.
•Nesta ilha nasceu uma nação que está
associada à existência de uma língua comum, dos mesmos costumes, das mesmas
características étnico-cultuais, com mesmos hábitos, mesmas tradições e um
passado comum.
•Em Santiago, se formou uma cultura: um
património de conhecimentos materiais e espirituais em que se dá corpo ao
sentir cabo-verdiano que fomos recebendo dos recebeu nossos antepassados, que
vem recebendo sucessivas contribuições e transmitido de gerações em gerações.
Um património composto por uma língua.
•Na ilha de santiago, se estruturou uma
sociedade. Esta nasceu da escravatura introduzida por negreiros
europeus, uma faceta da história de Cabo Verde rodeada de traumas e
sofrimentos, mas também que deixou heranças que se traduzem, em essência, no
sentir cabo-verdiano.
•Na maior ilha de Cabo Verde cimentou a
religiosidade do povo cabo-verdiano, traduzida nas fortes tradições
católicas. A expressão da profunda religiosidade é espelhada no grande número
de edificações sacras (mais de duas dezenas, entre o templo de grande porte que
é a sé, uma diversidade de igrejas e capelas bem como construções de suporte
administrativo e de prossecução da difusão da fé cristã.
•Durante
muito tempo (cerca de duzentos anos) Santiago e Ribeira Grande foi o ponto
estratégico de referência nas rotas transatlânticas para o abastecimento das
frotas, conserto de navios, descanso da tripulação e obtenção de novos alentos
para a prossecução das viagens.
•Desempenhou
esta ilha e as restantes o papel de entreposto comercial de escravos e outros
produtos de usados no comercio internacional e deram um grande contributo ao
mundo, enquanto “laboratório de homens” e difusor de culturas crioulas pelo
mundo, na sua vocação para a constituição da diversidade cultural existente
hoje no mundo, bem como local de aclimatação de plantas e de adaptação de
animais para serem espalhadas noutras paragens.
•Há um papel relevante da Ilha de Santiago e
Cabo Verde na projeção de uma cultura nascida da miscigenação pelo mundo,
que se forjou primeiro nesta ilha, contribuindo depois para a difusão de
culturas crioulas pelo mundo.
•A ilha de Santiago e Cabo Verde constituí a
primeira etapa do “Novo Mundo”, ou se quisermos a rampa de lançamento para a
conquista do “Novo Mundo” o que é, infelizmente, ignorado e com
substanciais perdas para o arquipélago, dado que só por este facto, poderiam
estas ilhas despertar mais interesse pelo menos, por parte dos povos cujas
parcelas das suas origens aí nasceram
•A ilha de Santiago e Cabo Verde contribuíram
desde o século XV para a base de uma visão do mundo na perspetiva cósmica (globalização).
3.
Consequências
•A Europa, ao se lançar na expansão,
contribuiu ainda para se romper com os mistérios relacionados com o
desconhecimento do mundo antes do século XV, pois antes desse século
via-se no além um complexo de enigmas que não despertou qualquer interesse.
•Os europeus ajudaram na perceção de um Mundo
Atlântico que transcende as margens continentais que o delimitam
geograficamente, formando uma
unidade histórica, ou um sistema, como preferem alguns historiadores,
como Pière Chaunu. Um Atlântico pensado
como factor de integração e transformação que se projetou até aos nossos dias, potencializando a ideia de rede propiciatória
de novas relações entre povos fruto da intensa mobilidade entre as distintas
partes do grande mar oceânico.
•A
nova perspetiva do atlântico introduzida pelos europeus tornou as histórias
emergentes como a nossa mais universal, ajudando na comparação de práticas
locais com práticas semelhantes, difusas em outros espaços do globo
(Norte/Nordeste brasileiro, por exemplo, e outros espaços do Novo Mundo), a
partir do continente africano, com uma forte participação das ilhas de Cabo
Verde.
•A
ação dos europeus, permitiu o trânsito de culturas, ideias, arte, instituições e
mercadorias a partir do século XV, com expressão dessa realidade em Cabo Verde.
•Tais
mudanças não se fizeram sem que houvesse confrontos em situações de conflito
tal como ocorreu por ocasiões das várias revoltas que tiveram lugar com mais
força nesta ilha de Santiago, não tendo promovido, a ação dos europeus, as
bases para a saída do subdesenvolvimento em lugares como Cabo Verde.
Texto
gentilmente cedido por Lourenço Gomes – Historiador
e Docente Universitário.
Bibliografia
FAGE J. D. – História da África.
Lisboa: Edições 70 1997, pp. 231-281;
Ki-zerbo, Joseph –História da África
Negra, Vol I;
Magalhães Godinho, V. em: Documentos
sobre a expansão portuguesa Vol. III. pp. 288-289;
PEREIRA, Gabriel -As Relações de Diogo
Gomes. In: Boletim de Geografia de Lisboa, 17ª Série, nº 5. Lisboa:
Imprensa Nacional, 1899, pp.272-28;
CADAMOSTO, Luís de –Navegações de Luís
de Cadamosto. Lisboa: Instituto para a Alta Cultura MCMXLIV, pp. 70-74;
FONTOURA DA COSTA, A, Cartas das ilhas
de Cabo Verde… p. 13;
ALBUQUERQUE, Luís de, O descobrimento
das Ilhas de Cabo Verde. In: História Geral de Cabo Verde Vol. I, pp. 31-35;
MAURO Frédéric (1993) A Expansão
Europeia Editorial Estampa pp. 77 –94;
CARREIRA,
António –Cabo Verde: Formação e Extinção duma sociedade escravocrata. Praia:
ICLB, 1983, p. 297;
CORREIA E SILVA, António Leão –Espaço
ecologia e economia interna. In: SANTOS, Maria Emília Madeira e ALBUQUERQUE
Luís de (Coordenação) –História Geral de Cabo Verde Vol. I Lisboa/Cidade da
Praia: Instituto de Investigação Científica Tropical de Portugal/Instituto de
Investigação Cultural de Cabo Verde, 2001, pp.180 –183 e 227-236;
SENNA BARCELOS, ChristianoJosé de
Senna – Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné Vol. I (Partes I e II,
2ª Edição, com comentários e notas de Daniel Pereira. Praia, Instituto da
Biblioteca Nacional e do Livro, pp. 21-22;
BALENO,
Ilídio – Povoamento e formação de sociedade. In: SANTOS, Maria Emília Madeira e
Albuquerque Luís de (Coordenação) -História Geral de Cabo Verde VolI.
Lisboa/Praia: Instituto de Investigação Científica Tropical de
Portugal/DirecçãoGeral do Património Cultural de Cabo Verde, 1991. p. 158;
Excelente.
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