quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

KENNETH WALTZ E A BALANÇA DE PODER

É um realista estruturalista que defende a teoria da balança de poderes com base no pressuposto de que os Estados são actores unitários que procuram, no mínimo, a sobrevivência física e, no máximo, se possível, controlar outros Estados. Estes objectivos são prosseguidos por acções internas e externas. Junte ainda uma outra circunstância que é o dos Estados agirem num sistema de auto-ajuda sem árbitro. Aqueles que não potenciam as suas capacidades ficam diminuídos em relação aos adversários. Perspectiva que vê a balança de poderes enraizada no próprio sistema internacional dos Estados (DOUGHERTY, James E. e PFALTZFRAFF, Robert L. Jr. Contending Theories of International Relations).
Waltz acaba por defender um autoritarismo inerente à balança de poderes e dessa forma procura uma teoria que se aplique ao sistema internacional e que seja independente da conduta dos Estados. Waltz, principalmente a partir de Theory of International Politics (1979), retoma as principais linhas do realismo e do sistemismo, aceitando as teses da balança de poder e do interesse nacional, mas esbatendo as bases funcionalistas dos antecessores, quando acentua as linhas estruturalistas, salientando que os Estados não procuram maximizar o respectivo poder, mas apenas balanceá-lo, através de sucessivos modelos que poderiam ser unipolares, bipolares e multipolares. É uma tese própria dos sinais dos tempos de então, onde a coexistência entre as superpotências parecia definitiva.
Contudo, Waltz considerou que o conflito Leste/Oeste estava enraizado na estrutura e que duraria enquanto esta se mantivesse. Esta perspectiva neo-realista, também dita de realismo estrutural, ao acentuar a ideia de balanceamento dos Estados, continuava a considerar tais entidades como actores fundamentais do processo das relações internacionais, acreditando que a política prevalecia sobre a economia, ao contrário de outras perspectivas da época, que acentuavam a predominância das empresas e dos mercados (WALTZ, Kenneth, N., Theory of International Politics). A tripla classificação que Waltz fez dos sistemas internacionais – sistema unipolar, sistema bipolar e sistema multipolar –, tendo como critério o jogo da balança de poder, assentava numa perspectiva conflitual da dinâmica do sistema internacional, explicável por aquilo que via como processo sucessivo de guerra, conflito cooperação e integração.

CRÍTICAS À BALANÇA DE PODERES

Note-se que a teoria não requer nenhumas assunções de racionalidade ou de constância de vontade por parte de todos os actores. Devido às várias definições controversas da balança de poder, Kenneth Waltz diz-nos que “deslindar tal confusão pode parecer quixotesco”. Continuando a citar Waltz, a maioria das confusões na teoria da balança de poder, e das suas críticas, deriva de um mau entendimento de três pontos: (i) uma teoria contém, pelo menos, uma assunção teórica. Tais assunções não são factuais; (ii) as teorias devem ser avaliadas em termos do que afirmam explicar; (iii) a teoria, como um sistema explanatório geral, não pode explicar particularidades (WALTZ, Kenneth, N., Theory of International Politics).
Hans Morgenthau, embora realista, viu muitas deficiências nesta teoria. Definiu-a como “incerta”, devido à falta de meios para avaliar e comparar o poder; mas também “irreal”, porque os dirigentes nacionais procuram compensar o seu carácter incerto através da sua superioridade; e, ainda, “inadequada” para explicar a contenção dos Estados no período que decorreu entre 1648-1914.
Para Spykman, a balança de poderes é a própria geradora de conflitos. Ernest Heas, embora aceitando que a utilização da balança de poderes demonstra uma grande flexibilidade na condução da política externa, não reconhece por parte dos diferentes políticos, especialmente nas democracias, em utilizarem essa flexibilidade que a balança de poderes requere.
Organski, defensor da teoria de transição de poder que escreve uma hierarquia piramidal do sistema internacional e neste nos Estados diferenciam-se pelos seus recursos. As balanças de poder não são efectivamente estáveis porque não são estáveis. A tecnologia, por exemplo, permite uma sucessão de rápidas alterações de poder que, na maioria dos casos, podem ser prevenidas. À medida que a equidade do poder é alcançada, dois Estados podem inquietar-se crescentemente quando ao equilíbrio de poderes, o que origina um risco crescido de guerra.
A teoria de transição de poderes sustenta que a instabilidade só é provável em períodos de paridade relativa entre rivais. À medida que uma nação insatisfeita se aproxima da paridade de poder (isso ver-se-á por um aumento rápido do poder desse Estado em relação à nação dominante), a instabilidade cresce, crescendo necessariamente a possibilidade de conflito.
Segundo Waltz, um dos mais comuns equívocos da teoria da balança de poder é o facto dele conter assunções não factuais e não teóricos. A teoria é criticada porque as suas assunções são erróneas. Waltz critica Organski por “não entender o que é uma assunção”. A teoria da balança de poder também é criticada porque não explica as políticas particulares dos Estados; outro é não saber diferenciar uma teoria das relações internacionais das teorias de política externa. Outros misturam as suas afirmações explicativas e confundem o problema de analisar as relações internacionais com o problema de analisar a política externa (Idem).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O PODER

O poder é a capacidade de atingirmos os nossos objectivos ou fins. É a capacidade de controlar os outros. Segundo Robert Dahl, o poder é a capacidade de levar os outros a fazer o que eles de outra forma não fariam (cit. por WALTZ, Kenneth, Theory of International Politics).
Na perspectiva das Ciências Sociais, o poder constitui uma característica essencial da realidade humana, que adquire expressão através de manifestações diferenciadas resultantes da convergência das dimensões social e individual da capacidade do respectivo exercício.
Na articulação intrínseca estabelecida entre o poder e a política, bem como o estudo entre o fenómeno do poder e a Ciência Política, tem influenciado o estudo das Relações Internacionais, em termos de orientação objectiva e de enquadramento metodológico. O fenómeno do poder adquiriu uma função explicativa, teórica e normativa fundamental em Relações Internacionais.
O estudo do poder em Relações Internacionais apresenta características de complexidade analítica elevada. O termo poder refere-se, geralmente, a um conjunto de capacidades, simultaneamente, estático, na medida em que implica a posse dos recursos, dinâmico, na medida em que pressupõe a conversão desses recursos em acção, e relacional, na medida em que pressupõe a existência de outros actores sobre os quais a acção é dirigida.
Numa perspectiva realista da política internacional, o poder é um conceito relativo visto que se exerce sobre outro poder constituindo, um conjunto de capacidades que permita a um actor “conseguir que os outros façam qualquer coisa que de uma forma não fariam” não podendo, pois, ser separado dos objectivos que procura realizar, e podendo mesmo “ser concebido em termos do controlo sobre os resultados”. O fenómeno do poder constitui uma realidade generalizável a todo o plano relacional, não se limitando apenas às relações inter-estatais.
A abordagem analítica do poder internacional pressupõe a caracterização dos contextos e dos elementos intervenientes, identificados segundo modalidades, padrões, critérios e lógicas de acção que adquirem expressão através de sinergias, dinâmicas interactivas e processos dialécticos gerados e desenvolvidos por referência a um factor relacional a que chamamos o fenómeno do poder, e que permitem a identificação das lógicas relacionais polarizadas em torno desse factor ou que são, de algum modo, por ele influenciadas de forma significativa.
São numerosas as propostas de conteúdos operacionais que pretendem caracterizar o fenómeno humano e social que chamamos poder. No plano das relações internacionais, e partindo de perspectivas científicas, teóricas e analíticas muito diversificadas, o conceito de poder é considerados em termos de comportamento relacional, individual ou colectivamente organizado, no âmbito das relações políticas inter-estatais.
Quaisquer que sejam as dificuldades entre Estados ou a natureza dos sistemas diplomáticos internacionais, cada Estado possui como propriedade particular uma certa força e interesses nacionais que o levarão a actuar de maneira específica no seio do sistema internacional. As relações internacionais fazem com que os Estados de diferentes recursos se enfrentem.
O poder será a mobilização da sua força por um Estado mais as suas relações com outros Estados com vista a cumprir os seus objectivos. O poder põe em jogo os elementos da força, isto é, as capacidades objectivas do Estado. O poder apoia-se na força, mas não se confunde com ela. O poder é qualquer acção pela qual um Estado procura impor-se a outros Estados para o cumprimento de outros objectivos que não a sua própria sobrevivência (HUNTZINGER, Jaques, Introduction aux Relations Internationales ).
A conversão do poder é um problema básico que surge quando concebemos o poder em termos de recurso. Alguns países são melhores a converter os seus recursos em influência efectiva. A conversão do poder é a capacidade de converter o poder potencial, avaliado com base nos recursos, em poder real e na alteração de comportamento de outros. (WALTZ). Carl Deutsch define o poder como a capacidade de levar vantagem num conflito e de separar obstáculos.
Para um cidadão comum, o poder do Estado é matéria quantitativa, é o somatório do seu arsenal militar e forças de combate e o seu poder económico. Esta interpretação é importante, uma vez que é precisamente o somatório do poder económico e militar de um Estado, aliado à consciência que os outros têm disso, que vai influenciar, em larga medida, a capacidade de determinados governos poderem provocar mudanças na “arena global” (ANDERSON, Peter J., The Global Politics of Power, Justice and Death ).
O poder militar tem sido uma condição tradicional. Com ele é possível convencer alguém a fazer ou a não fazer qualquer coisa, seja pela ameaça credível da força ou pelo uso da mesma. Como exemplo, temos os EUA quando utilizaram a força política que alcançaram com sucesso militar na Guerra do Golfo para obrigar Israel a sentar-se à mesa das negociações na conferência de paz para o Médio Oriente.
Para Stoessinger, o poder nas relações internacionais é a capacidade que uma nação tem de utilizar os seus recursos tangíveis e intangíveis de forma a influenciar o comportamento de outras nações (Cit. por ANDERSON, Peter J.).
Na sua obra Politics Among Nations: The Struggle for Power and Peace, Morgenthau desenvolve uma abordagem teórica assente numa descrição muito abrangente do poder, elaborando várias definições sobre a respectiva noção. Morgenthau parte de uma perspectiva relacional de natureza especificamente conflitual, simplificada em termos de objectivos, mas abrangentes em termos de expressão instrumental, definindo o poder como “tudo aquilo que estabelece e mantém o controlo sobre do homem sobre o homem.
Assim, o poder cobre todas as relações sociais que servem esse fim, desde a violência física aos laços psicológicos mais subtis pelos quais uma mente humana controla outra. O poder cobre a dominação do homem pelo homem (...)”. Ainda, segundo Morgenthau, o sucesso que possa ter qualquer tentativa de uso de poder depende de três aspectos: a habilidade do utilizador, depende-se de meios adequados de poder para o objectivo pretendido e se esses meios são os mais correctos para atingir o fim em vista (MORGENTHAU, Hans J., Politics Among Nations: The Struggle for Power and Peace).
Joseph Nye, Jr. faz-nos a distinção entre o poder duro – que se baseia em estímulos ou ameaças - e o poder suave – que se baseia em recursos como a capacidade de atracção das nossas ideias ou a capacidade de determinar a agenda política de modo a moldar as preferências expressas por outro. Estes dois tipos de poderes estão relacionados, mas não são a mesma coisa (NYE Jr. Joseph S., Understanding International Conflicts: An Introduction to Theory an History).
A abordagem analítica do poder internacional pressupõe a caracterização dos contextos e dos elementos intervenientes, identificados segundo modalidades, padrões, critérios e lógicas de acção que adquirem expressão através de sinergias, dinâmicas interactivas e processo dialécticos gerados e desenvolvidos por referência a um factor relacional que se chama o fenómeno do poder, e que permitem a identificação das lógicas relacionais polarizadas em torno desse factor ou que são, de algum modo, por ele influenciadas de forma significativa.
A análise do fenómeno do poder nas Relações Internacionais não pode ignorar as manifestações de poder verificadas e desenvolvidas por outros actores.

A Balança de Poder

A balança de poder é uma das teorias mais antigas nas relações internacionais. É também uma das mais criticadas pelos teóricos, devido à sua complexidade. A balança de poderes enquanto guia político aconselha a dirigentes políticos que agem de forma racional que mantenham uma vigilância permanente e que estejam preparados para organizar uma coligação contra o Estado perturbador do equilíbrio existente (DOUGHERTY e PFALTZFRAFF, Jr., Contending Theories of International Relations).
Para que possamos perceber o tema a desenvolver, é preciso compreendermos o poder. O poder é a capacidade de atingirmos os nossos objectivos ou fins. É a capacidade de controlar os outros. Segundo Robert Dahl, o poder é a capacidade de levar os outros a fazer o que eles de outra forma não fariam.
A balança de poder é uma teoria com previsões indeterminadas. A teoria da balança de poder é uma teoria sobre os resultados produzidos pelas acções descoordenadas dos Estados. A teoria faz assunções sobre os interesses e os motivos dos Estados, em vez de os explicar.
A balança de poder pode “impor as suas restrições sobre as aspirações de poder das nações” apenas, primeiro, “se restringirem a si próprias aceitando a balança de poder como uma estrutura comum dos seus esforços” (WALTZ, Kenneth, Theory of International Politics,).
Apesar dos seus pontos de vista serem divergentes sobre a natureza e a perfeição do homem, Rousseau e Morgenthau chegaram a conceituação muito similar do equilíbrio de poder e do seu papel essencial na estabilização de longo prazo do sistema de Estados internacional. Ambos acreditavam que o equilíbrio de poder é permanente e inviolável, e na melhor das hipóteses só pode ser alterado temporariamente por alianças e acordos internacionais.
Por esta razão, manteve-se céptico em relação a ambas as medidas de segurança colectiva e os esforços de diplomatas para injectar “fraseologia” idealista em acordos ad hoc que pretendem manter a paz e segurança. Ambos também viram o equilíbrio de poder como um mecanismo fundamental para a manutenção da ordem internacional, mesmo provocando um certo quociente de instabilidade e insegurança entre um ou mais Estados.
Finalmente, ambos estavam em acordo que o equilíbrio de poder constitui um sistema definível, o que explica como o poder é distribuído entre os seus componentes e unidades de soberania ou entidades políticas. Em suma, tanto Rousseau e Morgenthau são exemplares primários do balanço de poder que a tradição continua a ser o paradigma dominante nas relações internacionais.
Na política, a teoria de que a melhor forma de garantir a ordem internacional é distribuir o poder entre os Estados de modo a que nenhum outro Estado esteja em condições de alcançar uma posição dominante. O termo, que também pode referir-se de forma mais simples para a distribuição real de poder, é um dos conceitos mais duradouras nas relações internacionais. Desde o desenvolvimento de armas nucleares, foi afirmado que o equilíbrio de poder foi substituído por um "equilíbrio do terror".
A ideia de manter um equilíbrio de poder na Europa tornou-se uma influência importante na política europeia após a ascensão dos Estados nacionais no século XVII. Um exemplo notável da balança de poder político ocorrido na Guerra dos Trinta Anos (1618-48). Cardinal Richelieu, temendo o poder da Áustria, sob a Habsburgos, enviou exércitos da França predominantemente católica à ajuda dos nobres protestantes da Alemanha e da Suécia.
No século XVIII, a Inglaterra, a Holanda, a Áustria e o Reino contra Luís XIV de França, quando seu o plano para combinar as coroas francesas e espanholas ameaçava o equilíbrio de poder. Cerca de um século depois, uma aliança semelhante terminou ambição de Napoleão a dominar a Europa. No século XIX, a Grã-Bretanha foi uma influência decisiva para manter ou restabelecer o equilíbrio de poder através do apoio das nações mais fracas.
Durante 1854-56, por exemplo, Inglaterra e outras potências europeias interromperam a expansão russa, auxiliando a Turquia na Guerra da Crimeia. No início do século XX, a balança de poder na Europa tornou-se tão delicadas que apenas uns incidentes menores eram necessárias para desencadear uma grande guerra. Após a Primeira Guerra Mundial, os esforços foram feitos para criar um novo equilíbrio de poder, através de conferências de desarmamento e da Liga das Nações. Essas tentativas fracassaram-se.
O termo "equilíbrio de poder" é raramente usado para se referir a relações internacionais contemporâneas, salvo no caso do Oriente Médio, onde existe um equilíbrio delicado entre Israel e os seus vizinhos árabes. De 1949, quando a União Soviética adquiriu armas nucleares, até 1990, quando acabou a Guerra Fria, as duas "superpotências" – os Estados Unidos e a União Soviética –, basearam-se nas alianças, mas as suas estratégias globais foram baseadas no conceito da energia nuclear; dissuasão de fazer a guerra em si tão cara que nenhuma outra nação ousaria a atacar a outra.

A BALANÇA DE PODER I

Como uma frase prática, tem sido utilizado mais do que qualquer outro como um princípio orientador em explicar e predizer o funcionamento do sistema internacional desde a formação de cidades-estado gregas.
Apesar da sua durabilidade, o termo equilíbrio de poder foi objecto de críticas consideráveis, em parte devido à sua falta de precisão de definição. Em épocas diferentes, historiadores, politólogos e estadistas têm usado o conceito de maneiras diferentes e muitas vezes com importantes diferenças de significado. A definição da balança de poder é muito complexa.
Segundo Kenneth Waltz, a balança de poder é vista por alguns como sendo a parente de uma da natureza; por outros, simplesmente como uma afronta. Alguns vêem-na como um guia para os estadistas; outros como uma capa que disfarça as suas políticas imperialistas. Alguns acreditam que a balança de poder é a melhor garantia de segurança dos Estados e da paz no mundo; outros, que arruinou Estados ao causar a maioria das guerras que travaram (WALTZ, Kenneth, N., Theory of International Politics).
A teoria da balança de poder é uma teoria sobre os resultados produzidos pelas acções descoordenadas dos Estados.
Na medida em que pode ser considerada uma teoria formal da política internacional, o conceito moderno de balança de poderes foi associado à concepção newtoniana de um universo em equilíbrio.
A expressão balança de poderes tem sido recorrentemente criticada por causar uma considerável confusão semântica e terminológica. A balança de poderes enquanto guia político aconselha a dirigentes políticos que agem de forma racional que mantenham uma vigilância permanente e que estejam preparados para organizar uma coligação contra o Estado perturbador do equilíbrio existente. Enquanto sistema, a balança de poderes refere-se a uma sociedade multinacional em que todos os actores principais preservam a sua identidade, integridade e independência através do processo de equilíbrio (DOUGHERTY e PFALTZFRAFF, Jr. Contending Theories of International Relations).
As aparentes contradições surgem devido à falta de uniformidade com referência às noções contemporâneas de poder. Algum poder tem normalmente significado a aplicação de força militar, mas às vezes também a superioridade económica ou persuasão diplomática para alcançar um resultado desejado por um determinado povo ou grupo de nações. Para outros, o poder não é uma coisa ou actividade específica, mas a capacidade de uma dada entidade política para impor a sua vontade sobre a outra, apesar da resistência dos últimos.
Ainda, um terceiro grupo tende a considerar o poder como um conceito mais difuso, em que uma determinada nação apenas influencia o comportamento de um ou vários Estados, através da implementação de um declarado (estrangeira) de política. Finalmente, talvez a maneira mais simples de poder conceber foi dito o seguinte: "tudo o que estabelece e mantém o controle do homem sobre o homem" (Robert DAHL, Robert, Power, International Encyclopedia of the Social Sciences).
Qualquer um destes pontos de referência é utilizada, pode-se inferir que o equilíbrio de poder de longo prazo sugere que a qualquer momento, o poder é distribuído entre as nações, de modo a criar um estado de equilíbrio dentro do sistema internacional como um todo. Tal como acontece com equilíbrio em si, o equilíbrio de poder implica também um fenómeno que não é estático, mas está constantemente a ser ajustado pela fortuna relativa mudança das nações para que novos equilíbrios estejam sempre em vias de serem criados, ou Estados antigos restaurados.
Bolingbroke, Gentz, Metternich e Castlereagh atribuíram vários objectivos e funções à balança de poder. Deveria ser capaz: (i) de evitar o estabelecimento de uma hegemonia universal; (ii) de preservar os elementos constitutivos do sistema e o próprio sistema; (iii) de garantir a estabilidade e a segurança mútua no sistema internacional; (iv) de fortalecer e prolongar a paz, evitando a guerra (...). Os métodos e técnicas tradicionais para manter e recuperar a balança de poder incluíam: (i) a política de incluir para governar; (ii) compensações territoriais posteriores a uma guerra; (iii) a criação de Estados-tampão; (iv) a formação de uma aliança; (v) a imposição de esferas de influência; (vi) a intervenção; (vii) a negociação diplomática; (viii) a resolução pacífica dos diferendos com recurso incluído ao direito internacional; (ix) a redução de armamentos; (x) a corrida ou competição armamentista; (xi) a própria guerra, caso fosse necessária para manter ou recuperar o poder (Cit. por DOUGHERTY e PFALTZFRAFF, Jr.).
Os anos antes da Primeira Guerra Mundial, confirmaram o equilíbrio de poder como um princípio da política europeia moderna. A Tríplice Aliança foi compensado pela Aliança Dual entre a França e a Rússia, com a Grã-Bretanha deixou o seu "esplêndido isolamento", a fim de manter o equilíbrio ameaçado pelo aumento do poder alemão e da fraqueza da Rússia.
No balanço do século XX de teóricos, o poder ter estado estreitamente identificado com a chamada escola do realismo, ou Realpolitik das relações internacionais. Para a maior parte, a teoria realista contemporânea desenvolvidos em resposta ao idealismo, ou “utopia” consagrado no Tratado de Versalhes e as tentativas das potências do mundo levando a criar uma paz duradoura na Europa após o fim da Primeira Guerra Mundial.
Durante o seu período de formação “utópico” ou normativa a teoria das relações internacionais tornou-se generalizada e em geral condenou o comportamento dos Estados-nação; afirma que, alegadamente, foi baseado no cálculo do poder político e da busca dos interesses nacionais. Invés, “idealistas” instaram os Estados a agirem em conformidade com os elevados princípios morais estabelecidos pelo direito internacional e incorporado na Carta da Liga das Nações. Nos séculos XVII e XVIII, o equilíbrio de poder foi reconhecido como uma fórmula definitiva da diplomacia (WALTZ, Kenneth ).
De acordo com as premissas da teoria utópica, que estão inscritas no pensamento iluminista do século XVIII, o homem é fundamentalmente bom, ou, no mínimo, capaz de melhoria através da educação e mudanças no seu ambiente. A nível internacional, foi postulado que o comportamento político pode ser alterado de modo a que as nações se subordinar ao exercício do poder e do engrandecimento nacional para os fins mais amplos da paz e da segurança colectiva.
Os membros da escola realista desafiaram o corpus dessas ideias, argumentando que, como disse Maquiavel em O Príncipe, que a matéria-prima da política é inteiramente alheia à moral ou ética. Contrário, eles alegaram que é por motivos racionais que os Estados procuram aumentar a sua riqueza nacional, a força militar e influência cultural, mesmo em detrimento de outros Estados.
Portanto, como foi o caso durante toda a história humana, levando os conflitos de guerra continuará a ser inevitável, uma vez que a natureza humana é essencialmente "constante e imutável". Depois da Segunda Guerra Mundial e do desenvolvimento de armas termonucleares, a escola realista adoptou o conceito de dissuasão que implicava que guerra entre os dois grandes blocos de poder não era necessariamente uma certeza, mas seria determinada por "factores estruturais" no sistema de Estados internacionais. Em qualquer caso, ou para essa matéria, em qualquer modelo deste sistema construí pelo adepto do realismo, presume-se que a política internacional é “jogada” de acordo com a teoria de que é um jogo de soma zero, de modo que qualquer ganho no poder de líquido por Estado “A” representa uma perda para o Estado “B”, ou qualquer número de outros Estados (MORGENTHAU, Hans, Politics Among Nations: The Struggle for Power and Peace ).
A balança de poderes tem como objectivos principais garantir a sobrevivência e a independência dos Estados, salvaguardar o sistema em que o Estado se inscreve e impedir a dominância de qualquer membro do sistema.
A balança de poderes depende da zona de influência de poderes (onde convergem os interesses de dois ou mais Estados), zona de influência (zona reservada a um Estado) e das zonas marginais (livres para a expansão dos Estados). O conservadorismo subjacente à balança de poderes é flexibilizado por estes conceitos que levam a mais ou menos provável utilização de tão diferentes instrumentos como a guerra e os tratados.
Exemplo histórico de um país que desempenhou bastante o papel de “fiel da balança” (manter o equilíbrio sem que nenhum Estado tenha a dinâmica do sistema) é o Reino Unido, ao ponto de Churchill ter considerado que este papel era um princípio fundamental da política externa britânica.
Na primeira Guerra Mundial, a Alemanha utilizou novas armas com as quais consegui cortar a ligação do Reino Unido com o exterior: o submarino e o avião. O que acabou por determinar, na prática o fim da capacidade britânica de desempenhar esse papel de “fiel à balança”. No bipolarismo da guerra-fria, acabou por não haver “fiel da balança”. A culpa pela Primeira Guerra Mundial é frequentemente atribuída ao equilíbrio de poder (NYE, Joseph S. Jr., Understanding International Conflicts: An Introduction to Theory an History).
A criação, em 1918, da Liga das Nações foi uma tentativa, para formar "uma comunidade de poder" para substituir o equilíbrio de poder. Na década de 1930, no entanto, a Inglaterra e a França tendiam a abandonar o princípio do equilíbrio de poder em favor do apaziguamento das ditaduras fascistas na Alemanha e Itália.
Desde 1945, a balança de poder político entre o Ocidente e o mundo comunista foi conduzida sob a sombra da dissuasão nuclear, mas também houve ênfase na arbitragem internacional e as Nações Unidas como meio de resolver disputas entre nações.
O colapso do império soviético na Europa em 1989/90, a posse de armas nucleares como uma nova forma de manter o equilíbrio de poder entre o Oriente e o Ocidente tornaram-se menos relevante. Apesar do aparecimento da China como uma “super-potência” significativa, a ameaça nuclear não desapareceu totalmente. Um equilíbrio económico, ao invés de militar.